Mercados apostam numa contenção das tensões no Médio Oriente
O preço do barril de Brent está a cair e os principais índices acionistas estão a negociar em alta, mostrando uma contenção por parte dos investidores em relação o conflito na região do Golfo.
Os mercados estão a negociar com cautela à ofensiva de Teerão a Israel no sábado, que envolveu mais de 300 mísseis e drones, naquele que foi o primeiro ataque direto ao território israelita por outro país em mais de três décadas.
Os principais índices acionistas europeus estão a negociar em terreno positivo, as maiores moedas permanecem praticamente inalteradas e os preços do petróleo e das obrigações soberanas dos maiores países estão a cair.
O movimento dos mercados nesta segunda-feira surge depois de uma forte queda dos mercados na sexta-feira e de várias declarações de urgência para a contenção das tensões geopolíticas na região do Golfo por parte dos EUA e de outras grandes potências ao longo do fim de semana.
“A ação direta do Irão sobre Israel durante o fim de semana gerou receios de uma nova escalada. Mas na ausência de uma crise total na região, que não é o nosso cenário-base, pensamos que o impacto nos mercados financeiros será contido”, sublinha Gregor MA Hirt, diretor de Investimento Global (CIO) de Multiativos da Allianz Global Investors (Allianz GI), na análise “Israel-Iran: what next?”, publicada esta segunda-feira.
“A potencial resposta de Israel ao ataque do Irão é altamente improvável”, escreve Daan Struyven e quatro analistas do Goldman Sachs numa nota enviada esta segunda-feira aos seus clientes, sublinhando que isso “e determinará provavelmente a dimensão da ameaça ao abastecimento regional de petróleo”.
O preço de um ataque foi largamente descontado durante os dias que o antecederam. Além disso, os danos limitados e o facto de não ter havido perda de vidas significam que talvez a resposta de Israel seja mais comedida.
Os preços do Brent, que acumularam uma subida de 8,3% em euros no último mês, corrigem atualmente quase 1% para níveis abaixo dos 90 dólares por barril, depois de na sexta-feira terem subido 0,8% até aos 90,45 dólares com receios de uma retaliação do Irão, ficando assim bem longe dos 96 dólares por barril alcançado em setembro.
“O preço de um ataque foi largamente descontado durante os dias que o antecederam. Além disso, os danos limitados e o facto de não ter havido perda de vidas significam que talvez a resposta de Israel seja mais comedida”, disse Warren Patterson, diretor de estratégia de mercadorias do ING, citado pela Reuters.
“Há uma crença generaliza entre os investidores que [o conflito] não irá escalar”, vaticina Robert Alster, responsável pelo departamento de investimento da Close Brothers Asset Management, argumentando o importante papel diplomático dos EUA e dos vários países da região do Golfo para que isso suceda.
No mercado cambial, o shekel israelita está a negociar com uma valorização de 1,4% e, no mercado acionista, o índice europeu STOXX 600 encontra-se a negociar com uma subida ligeira de 0,3%, impulsionado sobretudo pelas ações de empresas do setor da defesa, que acumulam ganhos acima dos 1,5%, segundo o índice Stoxx Europe Total Market Aerospace & Defence.
No centro das forças que poderão impactar com maior intensidade os mercados estão uma série de dados económicos que serão divulgados esta semana nos EUA, China e União Europeia, assim como a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de várias empresas e o arranque das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional.
(Texto atualizado às 16h10 com declarações da Allianz GI.)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Mercados apostam numa contenção das tensões no Médio Oriente
{{ noCommentsLabel }}