Portugueses são dos que mais confiam na UE mas não sabem data das eleições europeias

Portugal é o país que mais confia na UE e um dos que defende um papel mais relevante do Parlamento, mas maioria desconhece o dia das eleições. Defesa e segurança são prioridade para eleitores.

Entre os 27 Estados-membros, os cidadãos portugueses são os que mais confiam nas instituições europeias, com a maioria defender que o Parlamento Europeu deve ter um papel mais importante na UE. E embora o interesse pelas eleições europeias tenha aumentado face ao último Eurobarómetro, com quase 90% a concordar que o atual contexto geopolítico torna as eleições mais importantes, os portugueses são dos que menos sabem quando acontecerá este sufrágio.

No mais recente Eurobarómetro, divulgado esta quarta-feira, o último antes das eleições europeias agendadas para o dia 9 de junho, 26.411 inquiridos dos 27 Estados-membros foram questionados sobre a perceção que têm em relação ao Parlamento Europeu, e os resultados indicam que pela primeira vez a imagem positiva (41%) excede a neutra (40%).

A França surge como país que mais pesa negativamente nos resultados (28% diz ter uma imagem negativa e 42% diz ter uma imagem neutra), enquanto os portugueses são os que elevam os resultados. Entre os 1.032 cidadãos portugueses inquiridos, 66% diz ter uma imagem positiva do Parlamento Europeu, 24% diz ser neutro relativamente à instituição e 8% admite ter uma perceção negativa. Os resultados colocam Portugal como o país com mais confiança nesta instituição que se prepara para acolher 720 eurodeputados (21 vindos de Portugal), a partir do dia 9 de junho.

Eurobarómetro de primavera de 2024 do Parlamento Europeu

 

Embora recue para 8º lugar quando a questão prende-se se o Parlamento Europeu deveria desempenhar um papel mais importante, Portugal continua a ser dos que mais defende um maior destaque desta instituição (67% contra a média europeia 56%), ficando atrás doeChipre (85%), Espanha (76%) e Grécia (73%).

No entanto, a esmagadora maioria dos inquiridos não saberia quando defender essa posição nas urnas por desconhecer quando se realizarão as próximas eleições europeias — 57% não sabe a data e 5% errou na resposta. De acordo com o Eurobarómetro, apenas 9% dos inquiridos portugueses sabe que as eleições decorrem entre 6 e 9 de junho a nível europeu (a 9 de junho em Portugal) e só 5% sabe o ano e o mês em que decorre o sufrágio.

Nesta matéria, Portugal cai para os últimos lugares da tabela (22º lugar), ficando, no entanto, à frente de França (23º) e Espanha (27º) que partilha da mesma percentagem de inquiridos que não sabem quando decorrerem as eleições.

Interesse pelas eleições aumenta mas probabilidade de ir votar está longe da média

Ainda assim, o interesse pelas eleições europeias aumentou, tanto a nível nacional como europeu. Este fenómeno pode ser explicado pelo facto de o inquérito ter acontecido entre fevereiro e março, três meses antes dos dias de sufrágio, ao invés do anterior que aconteceu em setembro de 2023.

Segundo o Eurobarómetro, o interesse médio dos 27 Estados-membros é de 60% (mais 11 pontos percentuais face ao último inquérito), enquanto o interesse português pelas eleições europeias é de 51% — uma subida de 13 p.p.

Este interesse poderá resultar numa quebra da taxa de abstenção que, por norma, tende a ser mais elevada quando comparada com as eleições legislativas, presidenciais e autárquicas. Em 2019, apenas 30,73% dos mais de três milhões de eleitores inscritos exerceram o seu direito ao voto.

De acordo com o Eurobarómetro, 57% dos portugueses diz que provavelmente votará no próximo dia 9 de junho, longe da média europeia (71%) e da Dinamarca que é o país com maior número de inquiridos que provavelmente irão votar (87%). Em Portugal, só 27% diz que muito provavelmente votará nas próximas eleições europeias.

Quanto aos motivos que justificam a abstenção nas últimas eleições, o número de portugueses que não votou por motivos políticos ou ideológicos aumentou 21 p.p para 51%, enquanto as razões práticas ou pessoais foram a principal justificação de 38% dos inquiridos.

Defesa e segurança são pela primeira vez prioridades dos eleitores

Numa altura em que decorre a guerra na Ucrânia e as tensões no Médio Oriente continuam a subir de tom, os temas ligados à defesa e a segurança na União Europeia entram pela primeira vez no top 3 dos temas que os eleitores europeus e portugueses gostariam de ver abordados pelos partidos durante a campanha eleitoral.

Em Portugal, defesa e segurança partilham o terceiro lugar no pódio com as questões ligadas à economia e à criação de novos empregos (ambos 31%), enquanto a saúde pública assume a segunda posição (32%) e a luta contra a pobreza e exclusão (33%) lidera a lista de prioridades.

Projetando para o futuro, os europeus (37%) consideram a defesa e a segurança como a primeira prioridade para reforçar a posição da União Europeia a nível mundial — e 38% dos portugueses concordam. Ao nível da UE, seguem-se as questões energéticas e a segurança alimentar/agricultura (ambas com 30%). Em Portugal, os cidadãos consideram que, para além das questões energéticas e da segurança alimentar (36%), a UE deve priorizar a competitividade, a economia e a indústria (32%).

As eleições ao Parlamento Europeu chamam às urnas cerca de 400 milhões de eleitores, entre os dias 6 e 9 de junho para elegerem 720 deputados europeus. Por cá, o processo decorre no dia 9 de junho, tendo os eleitores portugueses a capacidade de eleger 21 deputados.

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