“É altura de mudar a política monetária” na Zona Euro, defende Centeno
O Governador do Banco de Portugal destaca que a ausência de crescimento na Europa "é uma preocupação", argumentando que é o momento para o banco central mudar a sua política.
O Banco Central Europeu (BCE) alcançou “um progresso significativo” em baixar a inflação para valores próximos de 2%, uma conjuntura que deverá permitir ao banco central iniciar um ciclo de corte de juros em junho, defende Mário Centeno. Para o governador do Banco de Portugal, é a altura para “mudar a trajetória da política monetária” no euro e ajudar a economia, que não cresce há dois anos.
“Acredito que é o momento para mudar a trajetória da política monetária e, encontro a encontro, decidir a trajetória para as taxas de juro”, adiantou Mário Centeno em entrevista à CNBC. Sem querer comprometer-se com um número de descidas de juros, o governador do Banco de Portugal realçou que a decisão de junho sobre juros será importante e que, embora seja dependente da divulgação de dados económicos, há condições para uma mudança, com a taxa de inflação próxima de 2%.
“Fizemos um progresso significativo. Trouxemos a inflação de 10,6% para perto de 2% em menos de ano e meio”, destacou, acrescentando que o BCE fez a sua parte, mas também os governos e o mercado laboral, que está “melhor que nunca”.
Em relação aos salários, Centeno referiu que “crescimento dos salários tem estado a diminuir, entre 3 e 4%, um número compatível com o processo de desinflação”.
O governador do Banco de Portugal mostrou-se preocupado com a economia, apontando que “não crescemos há ano e meio”, o que “é uma grande preocupação”. Com a inflação a baixar para valores próximos da meta de 2%, o BCE não pode cair no erro de entrar num ciclo em que mantém as taxas por um período mais longo que o necessário, fazendo uma comparação com a austeridade na crise da dívida soberana.
O BCE admitiu, pela primeira vez na última reunião, a possibilidade de alterar a sua política monetária, abrindo a porta a uma descida de juros em junho. Pelo contrário, o presidente da Fed tem estado a alterar o seu discurso, preparando os investidores para um corte de juros mais tardio, o que significa que o BCE será o primeiro a cortar taxas.
“Se tivermos que cumprir o nosso mandato antes da Reserva Federal dos Estados Unidos temos de o fazer”, concluiu. “Isso significa que o nosso sacrifício para baixar a taxa de inflação foi maior. Não estamos a crescer”, atirou.
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