Distribuidora de papel Inapa passa de lucros a prejuízos de oito milhões de euros em 2023
Receitas da distribuidora de papel encolheram 243 milhões de euros no ano passado. “Condições de crédito mais exigentes agravaram a função financeira", contribuindo para um prejuízo de oito milhões.
As receitas da Inapa em 2023 baixaram 20,1% no ano passado, para 968,7 milhões de euros, o que “afetou substancialmente” o EBITDA recorrente, que se cifrou em 33 milhões (-62% em termos homólogos). “Condições de crédito mais exigentes agravaram a função financeira” e contribuíram para um prejuízo de oito milhões de euros em 2023, que compara com os lucros de 17,8 milhões no ano anterior. A margem bruta ascendeu a 18,1% das vendas, 1,9 pontos percentuais abaixo do registo passado.
“Apesar de uma contração substancial de performance face a 2022, considero que foram dados passos importantes para consolidar a competitividade do grupo e para reforçar a sua posição enquanto player de referência no setor da distribuição de papel na Europa Ocidental”, escreve o presidente da comissão executiva, Frederico Lupi. Numa mensagem incluída no relatório enviado à CMVM, destaca ainda a redução de 14 milhões na dívida, que a 31 de dezembro ascendia a 207 milhões de euros.
Ainda assim, Frederico Lupi vê “aspetos positivos” no último exercício, como o aumento da quota de mercado na distribuição de papel nas diferentes geografias; a “gestão criteriosa” que fez as receitas caírem menos do que os volumes de papel comercializado (-23%); e o crescimento de 5,5% nos negócios complementares de embalagem, comunicação visual e consumíveis de escritório. O destaque vai para a área de comunicação visual (+34,7%), por via de crescimento orgânico e do impacto da aquisição da francesa Loos na reta final de 2022, já que no negócio da embalagem perdeu 5,2%.
“O ano de 2024 será, seguramente, um período de enormes incertezas e desafios, mas também de oportunidades. Representará o fim do ciclo estratégico 2022-24, o que implicará um processo de adaptação e aprofundamento da abordagem estratégica que já estamos a desenvolver. Acreditamos, no entanto, que as medidas adotadas em 2023 e as atualmente em curso, tornam o grupo mais ágil do que anteriormente, dando-lhe melhor capacidade de resposta aos diferentes cenários que possamos vir a enfrentar”, perspetiva o CEO do grupo fundado em 1965 e cotado na Bolsa de Lisboa desde 1980.
Acelera reestruturação com fecho de armazéns logísticos e despedimentos
Com o negócio do papel em perda acentuada na Europa e as estimativas a apontarem para que tenha desaparecido um terço deste mercado nos últimos dois anos, no início deste ano, o CEO da Inapa avançou ao ECO que o grupo decidiu “antecipar e acelerar” o processo de reestruturação das operações logísticas na Alemanha, França e Portugal, que inclui o encerramento de vários armazéns e a redução do número de trabalhadores.
Em Portugal, o número de instalações foi reduzido para metade. Além de ter saído do escritório que ocupava no centro de Lisboa e mudado a sede da holding para Sintra, onde trabalham agora 150 pessoas, a distribuidora de papel acaba de encerrar um armazém que tinha no Porto, na zona de Campanhã, concentrando em Santa Cruz do Bispo (Matosinhos) as funções logísticas e administrativas no Norte do país.
Já no mercado alemão, que representa 60% das vendas, a empresa que tem como principal acionista a holding estatal Parpública (44,89%) vai concluir ainda este ano todo o projeto de reinstalação logística, que estava calendarizado apenas para 2025. O número de localizações baixa de 14 para 11, com Frederico Lupi a explicar que “implica a centralização em quatro armazéns principais, que passam a ser o eixo da distribuição” nas três áreas de negócio: papel, embalagem e comunicação visual.
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