Linha de reciclagem de cápsulas de café inaugurada em Cantanhede

  • Lusa
  • 3 Maio 2024

As cápsulas de café, que até agora, iam no lixo doméstico para aterros sanitários, passam a ter um canal próprio de reciclagem, já com 400 pontos no país, segundo a Bio4Plas.

Uma linha industrial de reciclagem de cápsulas de café multimarca, inovadora e única em Portugal, foi esta sexta-feira inaugurada no município de Cantanhede, no distrito de Coimbra, num investimento de cerca de um milhão de euros. Integrada na empresa Bio4Plas, que produz novos objetos de plástico a partir de resíduos resultantes da reciclagem de materiais, a nova linha de produção permite tratar as cápsulas após o consumo destas, separando os componentes que possuem: alumínio, plástico, papel e borras de café

“Fazemos a separação de todos os componentes das cápsulas. Elas têm no seu interior plástico, alumínio, borras e outros materiais, que são o filtro em papel e também uma película, num plástico diferenciado, que é o PE [polipropileno], uma película que está entre o café e o alumínio, pela questão [de segurança] alimentar”, disse à agência Lusa António Martins, administrador da Bio4Plas.

A empresa, fundada há quatro anos, aproveita não só os resíduos de plástico, mas também, por exemplo, as borras do próprio café, incorporadas em novos produtos, como umas cadeiras, também hoje apresentadas e onde, durante a sessão, se sentaram alguns dos convidados, entre os quais o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, e a presidente da Câmara de Cantanhede, Helena Teodósio. “E o alumínio também permite fazer alguns plásticos ou ir para a indústria de fundição, é um produto de valor [acrescentado]”, notou António Martins.

Deste modo, as cápsulas de café, que até agora, segundo o administrador da Bio4Plas, iam no lixo doméstico para aterros sanitários, passam a ter um canal próprio de reciclagem, já com 400 pontos no país, fruto de um acordo com a Sonae e os hipermercados Continente (que António Martins frisou que se vai estender ao Pingo Doce, Mercadona e outras empresas) e parcerias com a Nestlé ou a Delta, que possuem recolha própria.

Paralelamente, a Bio4Plas mantém uma unidade de investigação relacionada com o negócio e tem vindo a estabelecer acordos com autarquias, pretendendo chegar aos 308 municípios portugueses, facilitando o processo de reciclagem aos cidadãos, “como agora já é feito com as pilhas ou os óleos usados”.

“As pessoas só terão de se preocupar em separar as cápsulas [em casa] e terem onde as entregar. Nós tratamos do resto”, observou o empresário. Na sua intervenção na sessão desta sexta, o secretário de Estado do Ambiente destacou o orgulho que disse sentir em ver empresas portuguesas “a fazer coisas tão extraordinárias como as que estão a fazer aqui”.

Lembrando que chegou “há poucos dias” à secretaria de Estado do Ambiente – este foi o seu segundo ato público enquanto governante, depois de uma ação de educação ambiental nas Caldas da Rainha – Emídio Sousa, antigo presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, disse ter um desafio na área dos resíduos: “Estamos longe de cumprir as metas a que nos propusemos no âmbito da União Europeia, estamos muito longe”, avisou.

“Mas, ao mesmo tempo, vejo projetos, que ainda são pequenos para o muito que tempos de fazer, com esta qualidade e [vejo] a força do empresário, a força do investidor”, afirmou. A presidente da Câmara de Cantanhede considerou o projeto da Bio4Plas como “mais um passo para a valorização da base económica” do seu município, frisando que qualquer autarca quer ver repetidos no seu território investimentos desta natureza.

Na ocasião, Helena Teodósio relevou que o município guardou cerca de 20 toneladas de cápsulas usadas de café para entregar à Bio4Plas, ainda assim uma pequena fração daquilo que a empresa necessita para o negócio ser sustentável. À Lusa, António Martins explicou que a nova linha necessita de duas mil toneladas de cápsulas de café “por turno” – mais de 130 milhões, considerando 15 gramas por cápsula – o que representa 100 vezes mais do que a quantidade disponibilizada por Cantanhede, cerca de 1,3 milhões de cápsulas.

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