Do “viver para trabalhar” para a era da personalização
Tal como selecionam os produtos com base nas necessidades individuais, os trabalhadores procuram agora empresas comprometidas com as suas carreiras, bem-estar e alinhadas com os seus valores.
Vivemos num contexto marcado por uma absoluta transformação do mundo do trabalho. Os avanços tecnológicos, a crescente conectividade global e uma paisagem socioeconómica em constante mudança criaram uma onda de forças transformadoras, que estão a acelerar os ciclos de renovação de competências e a acentuar a escassez de talento, abrindo caminho para uma nova relação empresa-trabalhador.
A “consumerização” do trabalho
Os modelos rígidos e as respostas standard estão esgotados. Atualmente, os profissionais esperam “consumir” o trabalho tal como outros aspetos da sua vida — de acordo com as suas preferências. Tal como selecionam meticulosamente os produtos com base nas necessidades individuais, os trabalhadores procuram agora empresas comprometidas com as suas carreiras, bem-estar e alinhadas com os seus valores pessoais.
Esta transformação reflete também a nova “Economia do Eu”, com os trabalhadores a darem prioridade ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e a exigirem mais flexibilidade. Segundo o estudo “The Age of Adaptability”, do ManpowerGroup, 64% dos profissionais gostaria de ter uma semana de trabalho de quatro dias, 45% prioriza horários flexíveis e 35% valoriza a opção de trabalho remoto.
O trabalho já não é uma experiência uniforme; é uma equação de tamanho único que as empresas têm de resolver para cada indivíduo
Os colaboradores anseiam por personalização em todos os aspetos da sua experiência de trabalho e as organizações com visão de futuro estão a procurar entregar essa “hiper personalização” da experiência do talento, tal como fazem para os seus consumidores finais. Isso significa utilizar data-analytics avançada e processos de feedback para adaptar a experiência de cada trabalhador. Desde programas de onboarding individualizados a módulos de formação de competências customizados, as organizações estão a reconhecer o poder da personalização na promoção da satisfação e do compromisso dos trabalhadores.
Aproveitar a tecnologia, humanizar o local de trabalho
A tecnologia é um poderoso motor desta transformação. Embora o ritmo da transformação possa parecer assustador, a tecnologia poderá ser um formidável aliado na construção do futuro do trabalho, aumentando as capacidades humanas em vez de as substituir. A chave está em colocar o foco nas pessoas e não apenas na tecnologia ou nas ferramentas.
À medida que as empresas se adaptam a novas formas de trabalho, o desafio reside em adotar tanto a digitalização como a humanização e, a este nível, a requalificação e a capacitação do talento será fundamental. A capacidade de aprender e adquirir novas competências que nos permitam colaborar eficazmente com as tecnologias modernas será a chave para assegurar a nossa empregabilidade a longo prazo; porque o futuro do trabalho será impulsionado aqueles que aprenderem a trabalhar com, e não contra, as tecnologias emergentes.
É essencial não esquecer que as pessoas são, sem dúvida, o grande diferenciador e motor de crescimento económico. Ao abraçar o cenário de mudança e ao dar prioridade às necessidades dos trabalhadores, as empresas podem construir um futuro em que a tecnologia permite que as pessoas atinjam todo o seu potencial, impulsionando a inovação e o crescimento sustentável tanto para os indivíduos como para as organizações. Do ‘viver para trabalhar’ à era da personalização foi percorrido um grande caminho. Cabe-nos continuar a dar passos na direção certa.
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