Lucros da Semapa baixam 15% para 48,2 milhões de euros no primeiro trimestre

A holding da família Queiroz Pereira foi penalizada pela quebra dos resultados da Navigator e pelo aumento do custo associado às amortizações. Empresa paga dividendo de 0,626 euros a 12 de junho.

A Semapa fechou os primeiros três meses do ano com um resultado líquido de 48,2 milhões de euros, menos 15,4% que em igual período do ano passado, adiantou a holding em comunicado enviado à CMVM. A empresa justifica a quebra dos lucros com o facto da subida do EBITDA, para os 171 milhões de euros, não ter sido suficiente para compensar a redução do resultado financeiro e o aumento das amortizações do exercício.

“O resultado líquido atribuível a acionistas da Semapa no final do 1º trimestre de 2024 atingiu os 48,2 milhões de euros (vs. 57,0 milhões de euros no 1º trimestre de 2023 e 77,3 milhões de euros no 4º trimestre)”, refere a empresa em comunicado.

A empresa explica que registou “deterioração dos resultados financeiros líquidos em cerca de 8,3 milhões de euros, refletindo o agravamento dos resultados da Navigator“, que baixaram 10,6% para 64,1 milhões de euros, nos primeiros três meses do ano.

A Semapa registou ainda um agravamento de 7,5 milhões de euros nas depreciações, amortizações e perdas por imparidade, o que contribuiu para a quebra da rentabilidade no período. O resultado líquido do grupo foi ainda afetado pela “manutenção do montante de impostos sobre o rendimento em cerca de 28 milhões de euros, com uma taxa de imposto no período de cerca de 30%”, aponta o comunicado.

Já o volume de negócios consolidado do grupo atingiu os 715,2 milhões de euros, um valor que compara com os 675,2 milhões registados no período homólogo de 2023.

O segmento da pasta e papel, através da Navigator, foi o principal contribuidor das vendas, com receitas de 536,4 milhões de euros. Já a cimenteira Secil registou um volume de negócios de 163,2 milhões de euros e os outros negócios do grupo contribuíram com 15,8 milhões de euros.

O aumento do volume de negócios do Grupo teve o contributo de todas as áreas de negócio: na Navigator (+7,0%) impulsionado principalmente pelo aumento dos volumes de negócios do papel (+9,1%) e do tissue (+41,4%), na Secil (+2,4%) pela variação positiva em Portugal (+6,3%), Líbano (+40%) e Brasil (+8,2%) dado o crescimento do mercado e aumento de preços e Outros Negócios (+8,1%) explicado pelo contributo da Triangle’s”, explica a empresa.

O EBITDA também registou uma evolução positiva, ao subir 2,4% para 170,7 milhões de euros, com a Navigator a ser responsável por 133,3 milhões de euros; a Secil por 34,8 milhões de euros; e outros negócios por 1,4 milhões de euros nos Outros Negócios.

A margem EBITDA consolidada atingiu 23,9%, menos 0,8 pontos percentuais que em igual período de 2023.

“O aumento do EBITDA foi impulsionado pela performance positiva da Secil (+8,3%) e Navigator (+2,0%) a compensar a queda de Outros negócios. Na Navigator, os resultados beneficiaram do aumento de volumes e da evolução positiva dos custos variáveis, no entanto a redução de custos não compensou na totalidade a evolução de preços de venda”, aponta o documento de apresentação de resultados.

Já o segmento de cimento beneficiou de uma contribuição “muito positiva dos negócios em Portugal e Brasil, que permitiu contrabalançar a performance menos positiva dos negócios na Tunísia e Líbano”.

O valor dos investimentos em ativos fixos realizado no 1º trimestre de 2024 atingiu 71,1 milhões de euros, acima dos 60,6 milhões de euros no período homólogo, destacando-se a Navigator com 40,7 milhões de euros (dos quais cerca de 13 milhões de euros são investimentos em ambiente ou de cariz sustentável) e a Secil com 26 milhões de euros (dos quais cerca de 5 milhões de euros relativos ao aumento da capacidade de produção de clínquer da fábrica de Adrianópolis).

“Na ETSA foi dada continuidade ao investimento na construção de uma nova unidade fabril em Coruche na qual se pretende produzir uma gama de produtos substancialmente mais premium do que a gama atual, fruto do forte investimento em inovação, designada ETSA ProHy e na Triangle’s prosseguiu-se com a execução do aumento da capacidade de produção de quadros para e-bikes”, refere o comunicado.

Quando à dívida, o Grupo encerrou o trimestre com uma dívida líquida de 973,5 milhões de euros, menos 38,5 milhões de euros face ao valor apurado no final do exercício de 2023.

Em termos de perspetivas futuras para o negócio, a empresa refere que, no que diz respeito à Navigator, “o atual contexto político-económico faz com que permaneça no mercado uma situação de grande imprevisibilidade e de enorme volatilidade”.

“Neste contexto e para o setor, nomeadamente para o negócio de pasta, para o 2º trimestre, é antecipada a continuação da evolução favorável das condições de procura, a que se tem vindo a assistir desde a 2ª metade de 2023. No entanto, sugere-se, no contexto atual, prudência sobre a evolução do mercado no resto do ano”, explica a companhia.

No segmento do cimento, a Semapa refere que “a Secil encontra-se a avaliar potenciais oportunidades de investimento, com ênfase na área de descarbonização dos seus processos industriais e I&D em produtos e soluções nos sectores em que atua, encontrando-se em análise o seu enquadramento no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência”. “Espera-se que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência contribua positivamente para a recuperação económica em Portugal”, reforça.

Empresa paga dividendo de 62,6 cêntimos a 12 de junho

Em outro comunicado, também divulgado através do site da CMVM, a empresa informa que vai pagar aos acionistas um dividendo bruto de 0,626 euros a partir de 12 de junho. O valor líquido, já depois dos impostos, variará entre 0,4507 e 0,4695 euros, consoante seja aplicada a taxa liberatória de IRS de 28%, no caso de pessoas singulares, ou a taxa de IRC de 25%, no caso de pessoas coletivas.

A assembleia-geral da Semapa decorreu esta sexta-feira, onde foi ainda aprovado a designação de Maria da Luz de Campos como membro efetivo do Conselho Fiscal.

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