Carlos Gomes da Silva: “Não tenho apreço por negócios baseados em rendas”
O CEO da Galp Energia diz que não tem "apreço por mercados regulados, nem por negócios baseados em rendas", referindo-se aos casos da EDP, EDP Renováveis e REN.
Carlos Gomes da Silva é cauteloso quando se refere à polémica em torno da EDP, EDP Renováveis e REN. Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva e participação económica em negócio, no âmbito da introdução de compensações financeiras no setor elétrico nacional. O CEO da Galp Energia afirma que o momento “não é particularmente fácil”. Mas reconhece não ter “apreço por negócios baseados em rendas”, o que levou a petrolífera a fazer um esforço nos últimos anos para sair destas operações. . As declarações são feitas na conferência organizada pela PwC sobre “sociedade e o desenvolvimento económico”.
“O momento não é particularmente fácil para o país e é preciso respeitar no plano público aquilo que se faz com os julgamentos”, afirma Carlos Gomes da Silva, realçando que o país viveu uma transformação do setor energético que está associada própria liberalização. Isto depois de depois de os líderes da EDP e da EDP Renováveis e também os gestores da REN terem sido constituídos arguidos na sequência de buscas levadas a cabo pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.
Mas o CEO da petrolífera realça não ter “apreço por mercados regulados nem por negócios baseados em rendas”. Nesse sentido, “tivemos nos últimos anos uma fase de reposicionamento para sair desses negócios”, diz. Uma opção que até foi, por vezes, contra a estratégia da empresa, explica.
"Não tenho apreço por mercados regulados nem por negócios baseados em rendas.”
Recentemente, o primeiro-ministro, António Costa, referiu que as empresas de energia têm “manhas” e que os reguladores dão cobertura. “Não tenho a menor das dúvidas que temos de melhorar o quadro regulatório e o contratual”, afirmou.
Já António Rios Amorim, presidente e CEO Corticeira Amorim, explicou que, no caso da sua empresa, não há uma indústria regulada. O gestor refere ainda que o escrutínio e os valores que o acionista impõe na gestão das empresas é crucial numa matéria destas. “Se tivermos um acionista rigoroso”, a possibilidade de um desvio será menor.
António Mota, chairman da Mota-Engil afirmar ser “velho demais para aceitar a gestão dos treinadores de futebol. Passam de bestiais a bestas num instante. Estas pessoas que estão a ser julgadas eram bestiais há quatro anos, agora são bestas”. Mota refere ainda que saiu da empresa “a tempo de poder voltar” e que manteve um cargo “não-executivo para poder dizer ‘não'” quando necessário.
Ângelo Paupério defende, no meio deste processo dos CMEC, a imagem dos gestores. “Uma andorinha não faz a primavera”, afirma o Co-CEO da Sonae. “Não considero que haja uma má ideia dos gestores”, nota. O que há é uma “mistura da ideia do gestor com o empresário ou dono da empresa”, o que, leva a uma desadequação da gestão, remata.
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