Seguros da Ucrânia adaptaram-se e ultrapassam valores pré-guerra
Casas e saúde danificadas, feridos e mortos, carros destruídos e empresas arruinadas. Na tragédia ucraniana, os seguros resistem a ajustam-se às circunstâncias.
Cerca de 40 seguradoras fecharam desde o começo da invasão russa à Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, mas no ano passado o volume de prémios já ultrapassou o do ano de 2021 e a indústria no país é uma prova de adaptação às novas circunstâncias e a manter as suas atividades.
Segundo informações recolhidas na NAIU, associação de seguradores da Ucrânia, membro da Insurance Europe, que junta entidades responsáveis por dois terços dos prémios Não Vida no país, o mercado de seguros não só se adaptou durante a guerra, mas também adaptou os seus produtos. “Os membros da NAIU sentem a necessidade desse seguro por parte de seus clientes” diz a associação.
Denis Yastreb, CEO da NAIU, tem-se desdobrado em respostas às perguntas mais urgentes. Tal como se existe atualmente seguro contra riscos de guerra para cidadãos e empresas na Ucrânia. “Sim existe” – afirma Yastreb “as seguradoras prestam esses serviços há mais de um ano, adaptando programas existentes e desenvolvendo programas especiais. Este processo de satisfação da necessidade de seguros continua e melhora”, garante.
Outra pergunta concreta é quais seguradoras oferecem seguro contra riscos de guerra. “O número dessas seguradoras está a crescer e seu número é medido pelo volume de quase todo o mercado segurador ‘ativo’, estimado em até 50 empresas. A maioria das seguradoras oferece esse tipo de seguro de uma forma ou de outra”, garante o CEO da associação.
E que pode ser segurado em apólice de guerra? “Carros e imóveis, saúde e vida, produção e negócios. As seguradoras estão prontas para fornecer, dependendo das suas próprias políticas e capacidades”, garante Yastreb.
O Q&A continua, existe algo que não pode ser segurado? “Isso também depende dos termos de cada seguradora. Normalmente, “a cobertura do seguro é limitada pela proximidade da zona de hostilidades ativas, certos instrumentos de guerra, atividades do segurado”.
Por último, Yastreb esclarece se haverá compensação total para bens danificados ou destruídos devido à guerra. Segundo ele e atualmente, “a maioria das companhias de seguros oferece seguro patrimonial contra danos de guerra dentro de certos limites, e não pelo valor total da propriedade”. No entanto, “a possibilidade de seguro com cobertura total de sinistros também é possível, mas afetará significativamente o custo desse seguro”.
Seguros de regresso ao pré-guerra
No último trimestre de 2021, o mercado ucraniano de seguros reunia 132 companhias com atividade em ramos de não Vida, 13 seguradoras de Vida e 64 corretoras. Deste universo de empresas, mais de 140 seguradoras continuavam ativas em abril de 2022, mas ao fim de quatro meses de 2024, apenas 89 companhias Não Vida e 12 Vida estão ativas, 40 fecharam portas.
“O mercado de seguros privados na Ucrânia cessou, em muitos casos, as operações desde o início da invasão, com a maioria das seguradoras restantes a reduzirem as suas operações”, refere um estudo do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um think tank norte-americano, acrescentado que “as restantes seguradoras cobrem riscos de saúde e outros riscos não relacionados com a guerra. Várias seguradoras locais na Ucrânia mantiveram as suas instalações básicas de tratados de propriedade com resseguradoras, mas a sua capacidade de 50 a 60 milhões de euros é insuficiente”, reforça a CSIS.
O resseguro também tem sido extremamente limitado, afirma o CSIS, tendo sido a Munich Re e a Swiss Re os intervenientes mais importantes. A Munich Re saiu da Ucrânia no início de 2023, enquanto a Swiss Re sofreu um prejuízo de 283 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2022, parcialmente devido à exposição ao mercado ucraniano”.
O mercado em 2023 voltou a crescer cerca de 25%, valor semelhante ao que aconteceu nos primeiros quatro meses deste ano, após ter quebrado cerca de 5% em 2022. O valor de prémios emitidos totalizou 8.750 milhões de euros sendo o seguro automóvel facultativo o maior ramo com 23% dos prémios, 18% são de seguros habitação, 13% saúde, 11% Vida e 10,6% do chamado green card, um seguro que é de automóvel e de viagem ao estrangeiro.
Os maiores players locais detém a TAS e a Oranta que são fortes no mercado, enquanto surgem as austríacas VIG e UNIQA e a polaca PZU com importantes posições nos segmentos Não Vida. Já no mercado Vida a MetLife controla quase 50% do mercado, mas outras internacionais mantém posições sólidas como a Allianz e a canadiana Fairfax, esta através da seguradora ARX.
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