Desbloquear o potencial da cultura organizacional
Muitas organizações têm valores declarados, só que são poucas as que vivem esses valores. Em vez de tentar reinventar a roda, os líderes devem olhar para as equipas com melhor desempenho e aprender.
A cultura organizacional tem sido, há muito tempo, considerada um elemento crucial para o sucesso de uma empresa. No entanto, a realidade muitas vezes não corresponde à teoria. Enquanto os especialistas continuam a promover a importância da cultura, os dados revelam uma desconexão significativa entre o que é idealizado e o que é realmente experimentado pelos colaboradores.
Um dos principais problemas enfrentados pelas organizações é a incapacidade de escalar os melhores aspetos da sua cultura. Embora existam equipas e departamentos que personificam os valores e comportamentos desejados, muitas vezes esses padrões não são replicados em toda a organização. A questão fundamental é: como podemos desbloquear o verdadeiro potencial da cultura organizacional?
Primeiro, é crucial reconhecer que a cultura não é algo estático, que está em constante evolução. Muitas organizações têm valores declarados, só que são poucas as que realmente vivem esses valores no dia a dia. Identificar e fortalecer os aspetos positivos da cultura existente é um ponto de partida essencial. Em vez de tentar reinventar a roda, os líderes (quer os de topo, quer os intermediários) devem olhar para as equipas com melhor desempenho e aprender com elas.
No entanto, não podemos ignorar os aspetos negativos da cultura. Cada valor cultural tem o potencial de voltar-se contra a organização, caso não seja gerido adequadamente. Reconhecer e abordar essas falhas é fundamental para o sucesso a longo prazo.
Além disso, a cultura só é eficaz quando é observável e tangível. Os líderes devem sair de seus escritórios e testemunhar pessoalmente como os valores culturais manifestam-se no dia a dia. Mais importante ainda, eles devem liderar pelo exemplo, ao incorporar os valores da organização nas suas próprias ações e reconhecer aqueles que fazem o mesmo.
Um exemplo inspirador é o caso da Iveco Group, uma líder global no setor automóvel. Após separar-se da sua empresa matriz, a Iveco Group enfrentou o desafio de definir a sua própria identidade e cultura. A Iveco Group reconheceu a importância de alinhar a cultura com a estratégia organizacional e optou por um caminho (ainda) pouco convencional.
Em vez de simplesmente impor valores e propósitos, como geralmente acontece, a Iveco Group embarcou num processo abrangente de auditoria cultural, no qual priorizou a participação dos colaboradores na definição da sua identidade. Através de pesquisas de envolvimento global e sessões colaborativas de definição de visão, a organização envolveu todos os 27 mil colaboradores na formação da sua cultura.
Ao comunicar de forma consistente os seus propósitos e valores e envolver ativamente os colaboradores no processo, a Iveco Group conseguiu criar um senso de pertencimento e alinhamento em toda a sua força de trabalho global. Essa abordagem fortaleceu a cultura organizacional, impulsionou o envolvimento e compromisso dos colaboradores e contribuiu para o sucesso da empresa.
No entanto, o verdadeiro desafio está em sustentar uma cultura forte e saudável ao longo do tempo. Isso requer um compromisso contínuo com a observação e escuta ativas e a adaptação às necessidades em evolução da organização. Uma vez estabelecido, o verdadeiro poder da cultura organizacional pode ser desencadeado, o que vai impulsionar o sucesso e a inovação.
Em última análise, desbloquear o potencial da cultura organizacional não é uma tarefa fácil. Requer dedicação, compromisso e uma mentalidade aberta para a aprendizagem contínua (uma das future skills). No entanto, as recompensas de uma cultura forte e saudável são inestimáveis, tanto para os colaboradores quanto para a organização como um todo.
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