Investidores pressionam dívida francesa após vitória eleitoral da extrema-direita

A vitória da extrema-direita na primeira volta das legislativas francesas está a pressionar a yield das obrigações do Tesouro de França, mas também de grande parte dos países europeus.

A vitória alcançada pelo partido de extrema-direita de Marine Le Pen na primeira volta das eleições legislativas francesas está a penalizar as obrigações do Tesouro da segunda maior economia da União Europeia.

Esta realidade não é propriamente nova. Desde que foram conhecidos dos resultados das eleições europeias, que espelharam uma subida significativa das forças de extrema-direita na Europa — e particularmente em França –, as obrigações do Tesouro francês têm estado sob pressão.

A curva de rendimentos do país liderado por Emmanuel Macron, o grande derrotado destas eleições depois de o seu partido ficar em terceiro lugar com apenas 22% dos votos, apresenta uma subida da yield de todas as obrigações, como resposta a uma onda vendedora pelos investidores.

As obrigações a 10 anos do Tesouro francês, por exemplo, negoceiam atualmente com uma yield de 3,334%, o valor mais elevado desde 6 de novembro de 2023, colocando o spread face às bunds a 10 anos nos 75,6 pontos.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir a tabela.

Apesar do prémio de risco face aos títulos alemães ser inferior aos 80,3 pontos base que apresentava na sexta-feira, é 1,6 vezes superior aos 50 pontos base que o mercado atribuía há precisamente um mês, segundo dados da Refinitiv.

Preocupações com as políticas orçamentais, particularmente no meio de promessas de aumento de gastos por parte de fações de extrema-direita e de esquerda, contribuem para a volatilidade nos mercados de obrigações franceses“, refere Eman AlAyyaf, CEO da EA Trading, numa nota enviada aos clientes da corretora, sublinhando ainda que as obrigações francesas “podem continuar expostas à incerteza contínua em França.”

À medida que França se prepara para a segunda volta das eleições, parece certo que a volatilidade deverá marcar presença nos mercados nos próximos dias, especialmente no mercado obrigacionista.

Também sob pressão vendedora estão a negociar esta segunda-feira as obrigações do Tesouro da maioria dos países da Zona Euro como Itália, Portugal, Espanha e Grécia, que contabilizam uma subida generalizada da yield dos seus títulos.

No mercado cambial, o euro está a valorizar 0,30% face ao dólar, tendo inclusive negociado acima da barreira dos 1,077 euros por dólares logo de manhã — algo que não acontecia desde 13 de junho. “Está a negociar mais forte após o resultado da primeira volta das eleições parlamentares francesas ter sido bastante próximo das sondagens, com uma vitória do Rally Nacional”, refere o banco ING numa nota enviada aos seus clientes.

Nas bolsas, o efeito dos resultados das eleições é também sentido com uma onda de ganhos generalizados pelos principais índices europeus. Incluindo o francês CAC 40, que acumula até ao momento ganhos de 1,5%, ao ser fortemente impulsionado pelas ações do setor financeiro e pelas utilities, que registam uma valorização média de 3,7% e 3,2%, respetivamente.

Tranquilizados pela ausência de maioria absoluta, os índices europeus abriram esta manhã em alta acentuada, após o resultado da primeira volta das eleições legislativas em França, na véspera”, destacam os analistas da XTB, numa nota enviada aos clientes da corretora polaca.

Os resultados da primeira volta das eleições legislativas francesas, que espelharam uma vitória do partido Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen com 33% dos votos, tiveram um impacto significativo nos mercados financeiros europeus. Com a França a preparar-se para a segunda volta das eleições, que será marcada por uma “frente comum” liderada por Jean-Luc Mélenchon de vários partidos contra a extrema-direita, parece certo que a volatilidade deverá marcar presença nos mercados nos próximos dias, especialmente no mercado obrigacionista.

Os investidores estarão particularmente focados em quaisquer sinais que possam indicar a direção futura das políticas económicas e orçamentais francesas.

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