Timor-Leste prestes a concluir negociações sobre campo de gás Greater Sunrise
Localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, o projeto Greater Sunrise tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país.
Timor-Leste está prestes a concluir as negociações com a Austrália e empresas energéticas para o desenvolvimento do campo de gás Greater Sunrise, anunciou esta segunda-feira o Presidente de Timor-Leste, no primeiro dia da sua visita oficial a Angola. José Ramos-Horta respondia aos jornalistas no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, após um encontro com o seu homólogo angolano, João Lourenço, e a assinatura de três instrumentos jurídicos para reforçar a cooperação entre os dois países.
O chefe de Estado timorense afirmou que o Timor-Leste tem muito a aprender com Angola no setor energético, onde o país é “novo”, mas destacou o “sucesso” das atividades de exploração petrolífera e de gás no mar de Timor e no onshore.
“Há a perspetiva de muito proximamente, nas próximas semanas ou meses, finalizarmos as longas negociações com Austrália e empresas petrolíferas e de gás com interesses no mar de Timor para o desenvolvimento do campo de gás de Greater Sunrise que está parado há quase duas décadas. Tudo indica que há possibilidade de acordo”, anunciou o Presidente timorense.
Localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, o projeto Greater Sunrise tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin.
O consórcio é constituído pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaca Gás Australia (10%). O acordo de fronteira marítima permanente entre Timor-Leste e a Austrália determina que o Greater Sunrise, um recurso partilhado, terá de ser dividido, com 70% das receitas para Timor-Leste no caso de um gasoduto para o país, ou 80% se o processamento for em Darwin.
Ramos-Horta salientou que “infelizmente”, Timor continua demasiado dependente de recursos não renováveis dos quais “não se vai desfazer” e vai continuar a explorar petróleo, embora mantenha os compromissos da transição energética. Considerou, por outro lado, que Timor mantém relações “excecionais e exemplares” não só com Angola, mas com todos os Estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas “gostaria de passar dos abraços e declarações de amizade para um dimensão mais prática que é a cooperação comercial e económica”.
Sobre a cooperação entre os dois países no setor do petróleo, o Presidente angolano sublinhou que este é um dos domínios em que se pretende reforçar a cooperação, tendo em conta que Timor-Leste tem “boas perspetivas” de ser um grande produtor de petróleo e gás. “Mas não vamos ficar por aí”, acrescentou, frisando que a ambição de Angola é também cooperar noutros domínios, como o turismo, comércio, mas também a agricultura.
Falando sobre a perspetiva de adesão próxima de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) João Lourenço deixou entrever a possibilidade de os países PALOP fazerem um acordo de livre comércio com esta “grande organização que abarca países com economias muito fortes”.
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