Espanha no fundo do poço do investimento em água na União Europeia, segundo um relatório da PwC

  • Servimedia
  • 15 Julho 2024

A Espanha é um dos países com menor investimento em infraestruturas de água na União Europeia, de acordo com um relatório publicado pela empresa de consultoria PwC.

O estudo sobre o défice estimado de investimento no ciclo urbano da água em Espanha destaca um défice anual de 5.000 milhões de euros, agravado por uma década de paralisia no investimento e pela não execução de 70% dos projetos previstos.
De acordo com o relatório da PwC, a Espanha regista um atraso significativo no investimento em água na União Europeia. Enquanto países como a Holanda investem quase 180 euros por habitante no ciclo urbano da água, a Espanha mal chega aos 24 euros, o valor mais baixo entre as economias avançadas da Europa. A Alemanha e a França, por outro lado, investem 91 e 89 euros per capita, respetivamente.

Assim, a análise indica que a Espanha deveria investir quase quatro vezes mais do que investe atualmente para convergir com a média. Na última década, 70% dos investimentos planeados não foram realizados. Atualmente, apenas são atribuídos cerca de 1,2 mil milhões de euros por ano e seria necessário investir 6,2 mil milhões de euros por ano para resolver este défice.

Esta falta de investimento põe em risco não só o abastecimento de água potável aos cidadãos, mas também a capacidade dos setores produtivos e do turismo, que são essenciais para a economia espanhola.

O investimento abaixo da média não é um fenómeno recente. De acordo com o registo histórico, a Espanha sempre foi um dos países que menos investe no ciclo da água – com exceção de 2006 e 2007, em que se registou um investimento recorde – juntamente com a Itália. A diferença em relação à Europa manteve-se, apesar de os restantes países também terem sofrido uma contração significativa dos seus investimentos desde 2008.

O relatório da PwC salienta ainda que o investimento em infraestruturas de água em relação ao PIB é dos mais baixos da União Europeia. Enquanto a média da UE neste domínio representa aproximadamente 0,40% do PIB, a Espanha investe apenas 0,09%. Esta percentagem é significativamente inferior à de países como a Holanda (0,41%), Portugal (0,33%), França (0,24%) e Alemanha (0,21%), o que reflete uma clara desvantagem competitiva e uma preocupante falta de prioridade na gestão dos recursos hídricos.

ESCASSEZ

A falta de investimento em Espanha faz com que seja o país com a maior taxa de stress hídrico – quando a procura de água é superior à quantidade disponível durante um determinado período – de toda a União Europeia. Quarenta e um por cento do território espanhol sofre de stress hídrico, um número alarmante que contrasta com a média europeia de 24%. Esta elevada percentagem indica que uma grande parte do país enfrenta problemas significativos na gestão dos seus recursos hídricos. A situação é particularmente crítica nas bacias do Guadalquivir e na costa mediterrânica, onde a procura de água excede frequentemente a disponibilidade.

Países como Portugal, os Países Baixos e a França, embora também enfrentem desafios relacionados com a água, têm percentagens abaixo da média europeia. Portugal é o país com o índice de stress hídrico mais baixo da UE, com 13%. É seguido de perto pelos Países Baixos (16%) e pela França (23%).

O relatório da PwC sugere que a Espanha deve agir com urgência para corrigir o défice de investimento em infraestruturas hídricas. Assim, aponta para o estabelecimento de medidas como a criação de um Fundo Nacional da Água, garantindo o abastecimento de água potável como prioridade nacional e uma aposta sustentada no investimento para atenuar esta situação.

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