Nova Expressão vai pedir AG para travar insolvência da Inapa

Um grupo de acionistas liderado pela Nova Expressão vai apresentar um conjunto de soluções para impedir o pedido de falência. Medidas incluem aumento de capital de 30 milhões de euros.

A Nova Expressão, um dos maiores acionistas da Inapa, com 10,85% do capital, vai apresentar esta segunda-feira um pedido de convocatória de uma Assembleia Geral Extraordinária para tentar impedir a insolvência da distribuidora de papel portuguesa.

Segundo apurou o ECO junto da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), que representa um grupo de acionistas da Inapa e esteve a trabalhar ativamente com o grupo de Pedro Baltazar na elaboração de um plano com várias soluções para reverter a situação financeira da companhia, entre as propostas apresentadas para discussão em AG está uma operação harmónio, que inclui um aumento de capital até 30 milhões de euros, e a emissão de um empréstimo obrigacionista. O ECO tentou contactar a Nova Expressão, sem sucesso até à publicação da notícia.

O pedido de convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, encaminhado ao presidente da mesa da Assembleia Geral da Inapa, inclui, no primeiro ponto, a avaliação da situação financeira atual da empresa e deliberação sobre a possível declaração de insolvência, incluindo medidas a adotar para a recuperação da empresa, de acordo com um draft a que o ECO teve acesso.

O grupo detido por Pedro Baltazar, que é, depois da Parpública, o maior acionista da Inapa, com 10,85% do capital, segundo a informação divulgada no relatório e contas de 2023, vai ainda levar a discussão a realização de uma operação harmónio e um aumento de capital social, até 30 milhões de euros, com o objetivo de reforçar a estrutura financeira da empresa e apoiar os planos de crescimento e desenvolvimento estratégico, confirmou o ECO.

O plano para reverter a situação da empresa que será apresentado nesta AG deverá ainda incluir a análise e deliberação sobre a emissão de um empréstimo obrigacionista, com condições e prazos a definir, com o propósito de financiar operações e investimentos previstos para os próximos dois anos.

O ECO sabe que foi ainda colocada a possibilidade de apresentar uma proposta para a realização de um loan bridge – empréstimo ponte – junto de instituições financeiras selecionadas, por forma a fornecer um empréstimo de curto prazo e fornecer capital até que uma solução financeira de longo prazo seja implementada, tal como aumento de capital e/ou emissão de empréstimo obrigacionista. Este empréstimo permitiria que potenciais compradores, como os japoneses da Japan Pulp & Paper (JPP), pudessem ser um dos financiadores, com vista a finalizarem no futuro a aquisição. Contudo, apesar desta medida ter sido considerada, não é ainda certo que esta hipótese esteja entre as propostas apresentadas para debater em AG.

O Código das Sociedades Comerciais prevê que o presidente da Mesa de AG da Inapa promova a convocatória de assembleia de acionistas da sociedade no prazo máximo de 15 dias seguintes à receção do requerimento, sendo que a assembleia de sócios deve reunir antes de decorridos 45 dias, a contar da publicação da convocatória.

Depois de ter apresentado a sua unidade alemã, a Inapa Deutschland, à insolvência na última segunda-feira, dia 22 de julho, a Inapa IPG previa entregar na última sexta, dia 26 de julho, o pedido de falência em Portugal, conforme tinha sido confirmado ao ECO. No entanto, as movimentações desencadeadas por um grupo de acionistas, liderado pela Nova Expressão, para tentar evitar a falência do grupo e as negociações com eventuais interessados na compra da empresa atrasaram a formalização do pedido de insolvência.

Na última sexta-feira, o Jornal de Negócios noticiou que os japoneses da JPP mostraram vontade em apresentar uma declaração vinculativa do seu interesse em comprar a Inapa, mas não concretizaram nenhuma oferta oficial.

Qualquer solução para a Inapa terá de incluir o acionista Estado, que tem cerca de 45% do capital. Até agora, a Parpública não demonstrou disponibilidade por participar num plano de recuperação da empresa, nem em qualquer injeção de fundos na companhia, justificando esta decisão com o facto de considerar que existe uma grande probabilidade de não conseguir recuperar os fundos colocados na empresa.

Em simultâneo, segundo apurou o ECO, há um grupo de cerca de 70 pequenos acionistas que estará a equacionar avançar com uma ação judicial para tentar travar o processo de insolvência nos tribunais.

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