Fed mantém juros em máximos de 2001. Powell já admite descida de juros em setembro

O presidente do banco central norte-americano manteve os juros num intervalo entre 5,25% e 5,5%, um nível no qual as taxas se mantêm há 12 meses, mas moderou o discurso.

Mais uma decisão sem surpresas. A Reserva Federal dos Estados Unidos manteve as suas taxas de juro inalteradas em máximos de 23 anos, com o presidente do banco central a preferir dar mais tempo à inflação para baixar para níveis próximos do objetivo de 2% da entidade. No comunicado com a decisão sobre a manutenção de taxas, a Fed fez algumas mudanças no discurso, com o comité a notar “alguns progressos” ao nível da descida da inflação e com os responsáveis a notarem uma desaceleração no mercado laboral.

O Comité de Política Monetária da Fed (FOMC, na sigla em inglês) manteve novamente esta quarta-feira a taxa dos fundos federais no intervalo de 5,25%-5,5%, o que representa o nível mais elevado desde 2001. No entanto, os responsáveis moderaram o seu discurso indicando que vão considerar os riscos ao nível da inflação e do emprego nas decisões futuras, quando até aqui apenas indicavam a os riscos inflacionistas, abrindo a porta a descidas de juros no futuro.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”, indica a Fed no comunicado publicado esta quarta-feira. No entanto, a autoridade monetária refere que a criação de emprego moderou-se e “a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece um pouco elevada”, com a entidade a referir que, nos últimos meses, houve “alguns progressos adicionais em direção ao objetivo de inflação de 2%”.

No último comunicado, relativo ao encontro de 12 de junho, o banco central apontava apenas progressos “modestos” na inflação.

As principais alterações têm, porém, que ver com o mercado laboral, onde o banco central parece identificar perda de robustez, passando, inclusive, a incluir os objetivos ao nível do emprego nas suas decisões futuras, o que não acontecia no texto anterior. “As perspetivas económicas são incertas e o Comité está atento aos riscos para ambos os lados [pleno emprego e inflação] do seu duplo mandato”, refere a Fed.

O Comité reitera que não vai baixar taxas antes de confirmar que a inflação está a progredir para o seu objetivo de 2%, fazendo depender as suas decisões futuras sobre juros da divulgação de informação que a entidade vai receber, nomeadamente em relação às condições do mercado laboral, às pressões inflacionistas e às expectativas de inflação, assim como desenvolvimentos financeiros e internacionais.

Powell já admite descida de juros em setembro

Questionado diretamente sobre uma descida de juros em setembro, Jerome Powell, presidente da Fed, adiantou que não tomaram “decisões sobre decisões futuras e isso inclui a reunião de setembro”, notando que o Comité irá decidir se desce juros ou não, com base na divulgação de dados económicos. Dito isto, Powell não afastou a possibilidade de anunciar um corte de juros depois do verão.

Se virmos a inflação descer mais depressa e o mercado laboral a manter-se em linha com as condições atuais, uma descida [de juros] seria apropriada em setembro“, reconheceu, adiantando que, dependendo da evolução de vários indicadores, antecipa um cenário de “zero cortes a vários cortes”.

O presidente da Fed notou os progressos feitos nos últimos meses, quer do lado da inflação, quer no mercado laboral. “Fizemos muito progressos” e “é uma economia diferente”, aproximando-se o tempo para mudar a política monetária, realçou Powell.

“Não podemos estar 100% focados na inflação”, acrescentou o responsável, identificando sinais de normalização no mercado laboral.

“A nossa confiança está a melhorar porque estamos a receber bons dados”, apontou Powell, apesar de reiterar que a Fed quer ter mais indicações que confirmam que a taxa de inflação vai continuar a progredir para 2%, sob pena de decidir demasiado cedo e deitar por terra todos os esforços feitos até agora para controlar os preços.

(Notícia atualizada às 20h00)

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