Continental avalia separar negócio de peças automóvel e avançar com IPO

A multinacional alemã, que tem uma fábrica em Lousado, pretende manter o negócio lucrativo dos pneus e realizar a dispersão em bolsa das restantes atividades, a braços com uma quebra de procura.

A multinacional alemã Continental, que tem em Vila Nova de Famalicão uma fábrica de pneus, que é a quarta maior exportadora nacional e emprega cerca de 2.700 pessoas, está a avaliar o “spin-off” e a sequente dispersão em bolsa dos negócios de equipamento automóvel em dificuldades, separando estas áreas de atividade das operações de sucesso, que incluem o fabrico de pneus.

Este é mais um passo no âmbito da reestruturação do grupo alemão, que anunciou há uns meses que vai cortar mais de 7.000 postos de trabalho a nível global – Portugal fica de fora destes despedimentos –, devido à pressão que o negócio automóvel enfrenta, com as fabricantes automóveis a moderarem a produção face à menor procura por carros elétricos.

Os planos da empresa – a concretizarem-se – pretendem separar o negócio automóvel de fabrico de peças e sistemas de condução automatizados, que representam perto de metade das vendas do grupo, avançando com a dispersão de 100% desta unidade. Já o negócio de pneus da Continental e a unidade ContiTech [comercialização de produtos como correias, componentes e ferramentas industriais], que inclui a fábrica da Continental em Portugal, seria para manter.

Esta reestruturação seria a maior nos 152 anos de história da gigante alemã, num momento em que a empresa procura reanimar os lucros e se vê a braços com as críticas dos investidores sobre a estrutura da companhia.

A divisão Automotive, que emprega cerca de 100 mil pessoas a nível global e gerou vendas de 20,3 mil milhões de euros no último ano, tem enfrentado, de um lado, elevadas exigências de investimento significativos e, por outro, menor procura. Tudo isto num momento em que as taxas de juros mais altas estão a pressionar a compra de automóveis e a venda de carros permanece abaixo das expectativas na China, onde as marcas alemãs concorrem com os preços reduzidos da rival local BYD.

O objetivo da reestruturação é “explorar plenamente o potencial de valor e de crescimento dos dois grupos então separados”, disse a Continental, em comunicado, acrescentando que tomará uma decisão no quarto trimestre, fixando a meta de concluir qualquer mudança até o final do próximo ano.

A unidade de pneus da Continental e o negócio ContiTech – que se concentra em clientes industriais – empregam cerca de 100.000 pessoas, sendo responsáveis por vendas de cerca de 14 mil milhões de euros e 6,8 mil milhões de euros no último ano fiscal ano, respetivamente.

A fábrica da Continental em Portugal tem ficado a salvo dos planos de reestruturação anunciados pela casa-mãe e continua a ser uma das apostas do grupo, estando atualmente a acelerar a produção de pneus sustentáveis. Portugal tem recebido novos investimentos todos os anos e continua a expandir a sua produção. Em 2017, a fábrica iniciou a produção de pneus agrícola e, em 2020, começou a fazer também pneus Off the Road (OTR), para maquinaria pesada.

A estratégia Visão 2030 da Continental tem sido um motor dos investimentos da empresa em Lousado, que totalizaram cerca de 150 milhões de euros nos últimos dois anos. Nos últimos três anos, o montante de investimentos ascende a 200 milhões.

Estes investimentos foram direcionados para aumentar a produção de pneus para automóveis de passageiros, expandir a produção de pneus de alto desempenho e aumentar a produção de pneus agrícolas.

Com mais de 2.700 empregados — grande parte dos 3.700 que a Continental tem em Portugal –, a fábrica de Lousado tem intensificado o investimento em novas máquinas e na maior automatização, colocando robôs a recolher e transportar pneus na fábrica. Depois do investimento num novo armazém, a fábrica tem já aprovados projetos para continuar a comprar novos equipamentos.

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