#10 As férias de Pedro Carreira. “Sono” dos gurus antes dos orçamentos para 2025

O CEO da Continental Mabor fala na “vantagem” da fábrica de pneus fechar quase duas semanas para colocar a mente em descanso antes de se preocupar com os orçamentos para 2025: da empresa e do Estado.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

O engenheiro que lidera a Continental Mabor, a quarta maior exportadora portuguesa, com uma faturação a rondar os 1.300 milhões de euros e mais de 2.700 empregados, desliga “o máximo” que pode durante as férias e sabe que a equipa só perturba o seu descanso se acontecer “algo muito grave”. Antes das preocupações da rentrée com os orçamentos para 2025 – da fábrica de pneus da gigante alemã e do Estado para 2025 –, aproveita esta pausa para refletir sobre a “diplomacia” e para descansar a mente. “Se existir algo que me preocupa, uso a prática de alguns gurus que é o sono”, conta Pedro Carreira.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Vou levar o livro “Diplomacia” do Henry Kissinger, alguns TED e a série que estou a ver, o Dr. House.

O primeiro, porque considero que diplomacia é o que está a faltar a todos, desde aos nossos políticos e governantes às instituições. A meu ver, parece que se perdeu a sublime arte de comunicar e os TED porque nos ensinam isso de uma forma que parece fácil. Talvez por ser fácil, as pessoas deixaram de refletir na necessidade de se preparem para comunicar e, quando em confronto, discutir. Nas redes sociais é fácil desligar, desligar os telefones, desligar as pessoas incómodas porque nos chateiam. Mas comunicar é isso mesmo, e ser diplomata é a sublime arte de manter uma boa comunicação, mesmo nos momentos difíceis e em contexto de guerra. Claro está que tem de haver alguém que queira ouvir, o que há cada vez menos. Pobre do nosso Embaixador Aristides de Sousa Mendes, em que com a sua diplomacia e engenho salvou umas centenas de pessoas de uma morte certa em contexto de guerra e não tinha o suporte dos seus.

O Dr. House porque comecei com o primeiro episódio numas férias e pronto, agora vou ter de ver as temporadas. É o que tem de transtorno: comecei o primeiro e, como em tudo na minha vida, o que começo tenho sempre de acabar.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Desligo o máximo que posso, tento não ler os e-mails, mas de vez quando existe uma mensagem ou outra que tenho de ver. A equipa sabe que estou de férias e só se algo muito grave acontecer é que me informam. Tenho uma vantagem: a fábrica encerra quase duas semanas e, nesse período, só mesmo uma desgraça grande para ter de intervir diretamente. Mas o negócio não pára e de vez em quando pode acontecer uma ou outra chamada — nesses casos são situações normalmente ligadas a projetos em curso ou a alinhamentos com colegas da casa-mãe. É o que eu chamo de “ser por uma boa causa”, mas tento o máximo que posso que não interfiram na minha pausa.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

Penso que as férias nunca devem ser para nenhuma das duas, mas aqui sou um mau exemplo. Sobre as decisões estratégicas, têm sido sempre construídas com a equipa. Se existir algo que me preocupa, uso a prática de alguns gurus que é o sono. A mente descansada permite sonhar e é quando estou relaxado que muitas vezes, ao acordar, as soluções estão lá. Às vezes, o que à noite se apresentava como duvidoso, de manhã acordo com a energia necessária para arrancar com o “navio” e fazê-lo avançar muitas vezes por águas turbulentas, mas temos conseguido sempre chegar a bom porto. Quanto às decisões da carreira pessoal, não é nas férias que faço essa reflexão, mas sim quando os desafios aparecem. Tenho tido muitos ao longo destes 36 anos de Continental e quando olho para trás só sinto orgulho nesses mesmos desafios, aceites e vencidos, com a certeza de que outros mais virão.

Que temas vão marcar o seu setor na rentrée?

A nível nacional, a aprovação ou não do Orçamento do Estado, a estabilidade do Governo e a paz social no país. A nível internacional, a guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel, Hamas, Hezbollah e afins, as previsões eleitorais nos EUA. Na empresa, a aprovação do nosso budget para 2025 e grandes opções estratégicas.

A evolução dos mercados europeus no segmento dos construtores automóveis será também um foco na minha retoma da atividade.

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