Os equilibristas entre a liberdade e o burnout

  • Fátima Machado
  • 9 Agosto 2024

A flexibilidade pode ser uma força motivacional para os colaboradores, desde que seja combinada com expetativas claras, comunicação aberta e apoio adequado.

Atualmente, somos constantemente desafiados a equilibrar as nossas responsabilidades, aspirações pessoais e exigências profissionais. Neste cenário, a procura pela liberdade, isto é, pela flexibilidade no ambiente de trabalho, torna-se essencial para o nosso quotidiano, enquanto enfrentamos o stress inevitável. É uma tarefa cada vez mais difícil conseguir encontrar uma harmonia entre a flexibilidade e a prevenção de um esgotamento; há quem diga que é uma “arte e uma habilidade” alcançar este equilíbrio para o nosso bem-estar e saúde mental.

A flexibilidade no local de trabalho é, sem dúvida, uma vantagem valiosa que pode melhorar a satisfação dos colaboradores, aumentar a produtividade e promover um ambiente de trabalho saudável. Permite-nos também explorar novas oportunidades, experimentar novas abordagens e manter uma mente aberta perante os desafios que encontramos, promovendo a criatividade, a inovação e o crescimento pessoal, permitindo-nos prosperar em ambientes dinâmicos e imprevisíveis. No entanto, o excesso de flexibilidade pode eventualmente tornar-se prejudicial e aumentar o risco de burnout — um estado de exaustão física, mental e emocional causado pelo excesso de trabalho prolongado, falta de controlo sobre o trabalho e falta de apoio.

Não existe uma fórmula ideal para apoiar os colaboradores a encontrar o desejado equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional; hoje, este é o grande desafio das organizações. Pode não existir uma solução perfeita, mas existem alguns caminhos possíveis: a cultura organizacional desempenha um papel fundamental na forma como a flexibilidade é comunicada e percebida.

Esta deverá ser um dos pilares importantes no futuro organizacional e muito valorizada — pode, inclusive, ser um fator diferenciador ou uma vantagem significativa no momento do recrutamento — mas, se não for aplicada de forma eficaz, terá o resultado oposto – o burnout não é apenas prejudicial para o colaborador, mas também para as organizações. O resultado de um esgotamento é uma queda de produtividade, aumento do absentismo e deterioração do clima organizacional, sendo por isso crucial reconhecer os sinais precoces de burnout e implementar medidas preventivas para proteger a saúde e bem-estar.

Mas como fazer uma boa prevenção? As direções de recursos humanos e as chefias diretas têm uma responsabilidade acrescida, pois têm o dever de estar atentas aos sinais de stress e às mudanças de comportamento, como irritabilidade, diminuição da produtividade, entre outros. Manter uma comunicação aberta e transparente com os colaboradores e partilhar informações relevantes sobre as políticas da empresa, mudanças organizacionais e expectativas de desempenho, estimular o feedback dos colaboradores e estar recetivo a receber sugestões e preocupações, são outras ações importantes. Ao implementar estratégias, é possível criar um ambiente de trabalho saudável e que protege o bem-estar dos colaboradores.

No futuro próximo, todas as organizações devem se adaptar a esta realidade com recursos de saúde mental, como aconselhamento e programas de apoio aos funcionários, assim como, promover uma cultura de abertura em relação à saúde mental e incentivar os colaboradores a solicitar ajuda quando necessário.

O regime de teletrabalho híbrido, implementado na Egor, como muitas outras empresas em Portugal, é um exemplo de modelo de trabalho flexível e de um equilíbrio positivo valorizado pelos colaboradores, sendo um fator motivador. É igualmente fundamental ter recursos, ferramentas e investir na inovação e tecnologias que facilitem o trabalho, bem como em programas de bem-estar que incentivem hábitos saudáveis de trabalho.

Em suma, a flexibilidade no local de trabalho é uma vantagem valiosa, desde que seja implementada de forma adequada e equilibrada. A flexibilidade pode ser uma força motivacional para os colaboradores, desde que seja combinada com expetativas claras, comunicação aberta e apoio adequado. Contudo, é importante reforçar que encontrar o equilíbrio adequado entre flexibilidade e prevenção do burnout é uma jornada contínua, marcada por altos e baixos, sendo que, o resulta com uma pessoa, pode não funcionar com outra. Ao fim do dia, o segredo para os profissionais de recursos humanos é simples: estar atento.

  • Fátima Machado
  • Diretora de Recursos Humanos do Grupo Egor

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