Jogos Olímpicos dão empurrão temporário à atividade da Zona Euro

Atividade empresarial na zona euro sobe para nível mais elevado em três meses, mas registaram-se tendências diferentes entre a indústria e o serviços.

Os Jogos Olímpicos de Paris impulsionaram a atividade na Zona Euro durante o verão, mas com este efeito a desvanecer-se o pessimismo na indústria deverá estender-se ao setor dos serviços em breve, de acordo com dados relativos ao índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês), publicado pela S&P Global em parceria com o Hamburg Commercial Bank.

A atividade empresarial no setor privado da Zona Euro continuou a subir moderadamente em agosto, com o crescimento da produção a atingir máximos de três meses, mas há ventos que sopram em sentido contrário, de que é sinal a queda de novas encomendas.

O PMI da Zona do Euro – que inclui os setores industrial e de serviços – subiu de 50,2 pontos em julho para 51,2 em agosto, sinalizando um ritmo de crescimento mais rápido de produção no setor privado da região após dois meses consecutivos em que o ritmo de expansão abrandou.

“À primeira vista, isto parece uma surpresa agradável: a atividade na zona euro aumentou em agosto. Mas um olhar mais atento as números revela que os fundamentos subjacentes podem ser mais instáveis ​do que parecem“, destaca Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.

Fonte: HCOB Flash Eurozone PMI

Na prática registaram-se tendências diferentes nos dois grandes setores abrangidos. Enquanto o crescimento global da produção foi impulsionado por um aumento da atividade empresarial no setor de serviços, que subiu para o maior nível em quatro meses, a indústria continuou a cair acentuadamente em agosto. A influenciar o aumento mais forte da atividade empresarial na zona euro em agosto esteve o aumento da produção em França, onde subiu para máximos de quase um ano e meio.

A economista-chefe do Hamburg Commercial Bank assinala que “o impulso vem em grande parte de um aumento na atividade de serviços em França, com o Índice de Atividade Empresarial a saltar quase cinco pontos [para 52,7], provavelmente ligado ao buzz em torno dos Jogos Olímpicos de Paris“.

No entanto, alerta: há dúvidas que este impulso se mantenha nos próximos meses. Ao contrário de França, na Alemanha o ritmo global de crescimento no setor dos serviços abrandou e o setor industrial continua em rápido declínio, com a atividade a cair pelo segundo mês consecutivo e a um ritmo mais acentuado.

Isolando o PMI da indústria da zona euro verifica-se que caiu de 45,8 pontos em julho para 45,6 em agosto, o nível mais baixo em oito meses. “É uma história de dois mundos. O setor industrial continua atolado na recessão, enquanto o setor dos serviços ainda parece estar a crescer a um ritmo decente”, sublinha Cyrus de la Rubia.

Com o impulso olímpico temporário em França a desvanecer-se e os sinais de diminuição da confiança na indústria de serviços da zona euro, é provavelmente apenas uma questão de tempo até que as dificuldades do setor industrial comecem a pesar também nos serviços

Cyrus de la Rubia

Economista-chefe do Hamburg Commercial Bank

A economista considera que “com o impulso olímpico temporário em França a desvanecer-se e os sinais de diminuição da confiança na indústria de serviços da zona euro, é provavelmente apenas uma questão de tempo até que as dificuldades do setor industrial comecem a pesar também nos serviços“.

Segundo a nota divulgada S&P, as novas encomendas continuaram a diminuir e registou-se uma ampla estagnação dos níveis de pessoal em todo o bloco monetário, num contexto de sentimento empresarial mais baixo no acumulado do ano. Paralelamente, a taxa de inflação dos custos dos fatores de produção diminuiu para o menor nível dos últimos oito meses, mas as empresas aumentaram os preços de venda no ritmo mais rápido desde abril.

“Os fabricantes subiram os preços de venda pela primeira vez desde abril de 2023, uma resposta a três meses consecutivos de aumento de custos de produção. Apesar do enfraquecimento da procura, as empresas parecem não ter tido outra escolha senão transferir alguns destes custos mais elevados para clientes. Pelo lado positivo, isso sugere que ainda há algum poder de precificação no mercado”, considera Cyrus de la Rubia.

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