Empresas portuguesas não deviam tanto à banca desde novembro de 2016
Endividamento das empresas privadas à banca sobe para 113,3 mil milhões de euros em junho, o valor mais elevado em quase oito anos. Dívida das grandes empresas aumenta 19% face a junho de 2023.
As empresas portuguesas privadas estão a contrariar a tendência de redução do endividamento junto da banca registada nos últimos anos, com o stock da dívida a atingir 113,3 mil milhões de euros em junho, o nível mais elevado desde novembro de 2016, de acordo com uma análise do ECO a dados do Banco de Portugal (BdP). Os dados do regulador bancário revelam um salto de 1,4 mil milhões de euros face a maio e de cerca de 2,7 mil milhões de euros face a junho do ano passado na dívida das empresas (não inclui o setor público empresarial, nem empresas financeiras) junto do setor financeiro.
Ao longo da última década, o setor empresarial privado tem reduzido a sua alavancagem com uma contenção do endividamento junto do setor financeiro e um aumento dos capitais próprios. Esta tendência foi interrompida durante a pandemia, com a dívida ao setor financeiro a disparar neste período, um movimento que teve fim a partir de meio de 2022.
O fim da pandemia permitiu voltar gradualmente a uma redução do endividamento, cenário que tem vindo a alterar-se ligeiramente desde final do ano passado e que se intensificou entre maio e junho deste ano.
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Desde setembro de 2023 que a taxa de variação anual do endividamento das empresas privadas junto do setor financeiro tem vindo a subir, apesar de um ligeiro recuo entre março e maio deste ano. Em junho situou-se em 1,1%. O stock registado a meio do ano representa mesmo o mais elevado desde que em novembro de 2016 se cifrou em 114.652 milhões de euros. A maior parte do passivo está concentrado em empréstimos, que atingiram 92.785 milhões de euros em junho.
Destes, cerca de 76.835 milhões de euros eram referentes a empréstimos de longo prazo e 15.694 milhões de euros a empréstimos de curto prazo. Paralelamente, o endividamento das empresas junto da banca com títulos de dívida ascendeu em junho a 20.218 milhões de euros.
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Endividamento das grandes empresas sobe 19%
O endividamento das grandes empresas privadas junto da banca aumentou 19% em junho face a igual período do ano passado. Segundo os dados do BdP, o stock do endividamento destas empresas a meio deste ano era de cerca de 21,5 mil milhões de euros, quando em junho do ano passado se cifrava em cerca de 18 mil milhões de euros.
Em sentido contrário, a dívida das médias empresas caiu 5% face ao período homólogo, para cerca de 21,6 mil milhões de euros. Já a dívida das microempresas junto do setor financeiro caiu cerca de 2,9% face ao mês homólogo, para 25,5 mil milhões de euros em junho, enquanto a das pequenas empresas reduziu-se 2,8% para 21,8 mil milhões de euros.
As empresas na área das indústrias são as que registam o maior passivo perante a banca (19,6 mil milhões de euros em junho), seguidas pelas da construção civil e atividade imobiliários (18 mil milhões de euros) e do comércio e reparação de veículos (17,5 mil milhões de euros).
A um nível global, considerando não apenas as empresas privadas, mas também as públicas, o endividamento à banca era de 115,3 mil milhões de euros.
Endividamento das famílias continua a subir
O endividamento dos particulares também está a aumentar. Há seis meses consecutivos que sobe e atingiu 152.544 milhões de euros em junho, o valor mais elevado desde julho de 2013. A diferença não é substancial face aos 152.121 milhões de euros registados em maio, mas significa um aumento do passivo sob a forma de empréstimos, títulos de dívida e créditos comerciais de de cerca de 1,7 mil milhões de euros face a junho do ano passado.
O endividamento dos particulares, que inclui famílias, empresários em nome individual e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias, foi reduzindo-se ligeiramente ao longo do último ano, totalizando 150,6 mil milhões de euros em dezembro de 2023. Contudo, desde o arranque do ano que tem vindo a aumentar.
O endividamento dos particulares junto do setor financeiro ascendeu a cerca de 137,5 mil milhões de euros. A maioria do stock da dívida corresponde a empréstimos (147,5 mil milhões de euros em junho), com 103,3 mil milhões de euros referentes créditos da casa e 49,2 mil milhões de euros a crédito ao consumo e outros fins. Já os créditos comerciais significavam cerca de cinco mil milhões de euros.
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