São escassos os candidatos a comissário com perfil financeiro e todos homens, o que pode abrir portas a Portugal
Termina na sexta-feira o prazo para os países proporem a von der Leyen o nome para comissário europeu. Hipóteses de Maria Luís Albuquerque conquistar serviços financeiros teria um contexto favorável.
Entre os 20 nomes propostos a Ursula von der Leyen pelos Estados-Membros para o colégio de comissários, são parcos os que têm um perfil económico-financeiro, sendo todos do género masculino, uma vantagem para Portugal caso aponte baterias a uma pasta nesta área com um nome feminino.
São 25 os países que têm de indicar a Ursula Von der Leyen os nomes propostos para comissários, faltando apenas cinco países fazê-lo, entre os quais Portugal. A lista de nomes que circula pelos corredores de Bruxelas precisa ainda da validação de von der Leyen, que pode pedir que os Estados-membros apresentem outro candidato.
Sexta-feira termina o prazo para que os países submetam o nome proposto e foram poucos os que responderam ao apelo de von der Leyen para que remetessem um nome masculino e um feminino.
O objetivo seria facilitar a atribuição de pastas num colégio paritário. A típica balança de poder, que procura respeitar o equilíbrio geográfico, é desfavorável este ano a Portugal. Com o ex-primeiro-ministro António Costa a conquistar o cargo, para o qual o seu nome circulava há anos, de presidente do Conselho Europeu, a expetativa é que o país lhe veja atribuída uma pasta com menos peso.
Ainda assim, há terreno para ‘jogar’. Dos 20 nomes (já excluindo von der Leyen e Kallas) e tendo em conta que ainda falta conhecer os nomes de Bélgica, Bulgária, Dinamarca e Itália e confirmar o de Espanha, contam-se pelos dedos de uma mão os nomes com um perfil económico-financeiro.
Um destes é o de Magnus Brunner, atual ministro das Finanças austríaco. O governante austríaco “é um político experiente com um elevado nível de especialização em política financeira, económica e de concorrência a nível nacional e europeu”, segundo o primeiro-ministro daquele país aquando do anúncio. O perfil de Magnus Brunner sinaliza que a Áustria almeja uma pasta na área financeira ou económica, tal como a Irlanda, que também escolheu o ministro que tutela as Finanças, Michael McGrath.
A esperança do irlandês, que foi responsável pela criação de dois novos fundos soberanos no ano passado para fazer faces a futuros encargos com pensões, saúde e infraestruturas enfrenta, contudo, o desafio de a última comissária europeia de Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e Mercado de Capitais, Maired McGuinness, ser precisamente irlandesa.
Outro nome em cima da mesa é o do atual comissário europeu da Ação Climática. Wopke Hoekstra não seria a escolha óbvia, mas segundo meios de comunicação dos Países Baixos noticiam que von der Leyen não deverá querer repetidamente o país naquela pasta e que o responsável europeu tenha como objetivo, desta forma, uma pasta económica e financeira.
Wopke Hoekstra tem experiência na área, já que foi ministro das Finanças do seu país entre 2017 e 2022, período durante o qual António Costa considerou o seu discurso “repugnante” por ter proposto uma investigação a países como Espanha por afirmarem não ter capacidade orçamental para responder à pandemia sem o apoio financeiro europeu.
Não confirmado, mas a circular está também o nome do italiano Raffaele Fitto, segundo meios de comunicação social em Itália, que apontam para almejar um lugar à mesa dos assuntos económicos ou orçamentais. Já a Polónia apontou o nome do diplomata Piotr Srafin com o objetivo de obter a pasta do Orçamento, segundo meios de comunicação social polacos.
O facto de todos os candidatos serem masculinos pode abrir a porta a que Portugal conquiste a Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e Mercado de Capitais, caso aponte Maria Luís Albuquerque. Nos bastidores tem circulado o nome da ex-ministra das Finanças portuguesa durante o mandato de Pedro Passos Coelho e que chegou a ser falada para comissária nessa altura, possibilidade que ficou pelo caminho com a queda do BES.
Nos bastidores tem circulado o nome de Maria Luís Albuquerque, que chegou a ser falada para comissária em 2014, possibilidade que ficou pelo caminho com a queda do BES.
A economista é atualmente membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia do gigante financeiro americano Morgan Stanley, tendo passado anteriormente pelo Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP e pela Arrow.
Até ao momento, não contando com von der Leyen e Kallas, apenas três países indicaram mulheres: a Croácia, a Finlândia e a Suécia, além de Espanha, que ainda não confirmou oficialmente Teresa Ribera. No entanto, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem optado pela reflexão silenciosa e pode surpreender.
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