Bloco sai da Esquerda Europeia e forma nova família política
A declaração de adesão do Bloco à Aliança Esquerda Europeia para o Povo e o Planeta foi formalizada no passado dia 27 de agosto e Catarina Martins será uma das presidentes.
O Bloco de Esquerda desfiliou-se da família política europeia e formou um novo grupo político: a Aliança de Esquerda Europeia pelo Povo e pelo Planeta (ELA, na sigla em inglês). Este novo grupo surge como uma alternativa ao Partido da Esquerda Europeia (PEE) tendo como ambição reformar a ala mais esquerda do espetro político da UE.
Além de Catarina Martins e dos cinco deputados eleitos a nível nacional pelo Bloco de Esquerda, o ELA conta seis partidos europeus: 11 do Insoumise (França), seis do Podemos (Espanha), dez do Razem (Polónia), oito do Enhedslisten (Dinamarca), cinco do Vänsterpartiet (Suécia) e três do Vasemmistoliitto (Finlândia), de acordo com a documentação publicada pela Autoridade para os Partidos Políticos Europeus e as Fundações Políticas Europeias (APPF), citada pelo Politico, esta terça-feira. A declaração de adesão do Bloco ao ELA foi formalizada no passado dia 27 de agosto e Catarina Martins será uma das presidentes, a par com Malin Bjork da Suécia. Os escritórios da ELA situar-se-ão em Bruxelas, na Avenue Louise. O partido aguarda resposta das autoridades competentes para saber se está em conformidade com as regras legais.
A intenção do Bloco de Esquerda se desvincular do PEE veio formalizada numa resolução da mesa nacional, que decorreu a 22 de junho, e no qual foi feito um balanço das eleições europeias. No documento, é reconhecido o “mau resultado” do partido que tinha Catarina Martins como cabeça de lista às eleições, recordando terem perdido um eurodeputado. Ainda assim, sublinha que o grupo da esquerda saiu reforçado, contando atualmente com 46 deputados, ao contrário dos 37 na legislatura anteriores.
No entanto, o escalar da guerra na Ucrânia “trouxe contradições de monta ao grupo parlamentar”, desde logo porque alguns partidos “não condenaram a agressão” e outros “ainda tiveram posições de ambições e neutralidade, mesmo que disfarçadas sob uma pretensa bandeira da paz”.
“O campo da esquerda verde europeia deve reforçar-se e organizar-se e o Bloco está empenhado nessa tarefa”, lê-se no documento, sublinhando que o PEE “deixou de cumprir essa tarefa” e vê agora a sua “capacidade política enfraquecida”. Assim, “o Bloco, que não pode mais rever-se nas formas de funcionamento do PEE, decide desfiliar-se deste partido e pretende constituir, na oportunidade possível, um novo partido político europeu”.
Essa oportunidade surge no âmbito da plataforma de partidos da esquerda, Agora o Povo. Na resolução, o Bloco de Esquerda explica que o Agora Plataforma engloba partidos nacionais como o “Partido de Esquerda da Suécia, Aliança de Esquerda da Finlândia, Aliança Vermelha Verde da Dinamarca, France Insoumise, Podemos e Bildu (Estado espanhol), Sinistra de Itália, Die Linke (Alemanha) e o contacto próximo dos partidos animalistas da Alemanha e dos Países Baixos, ou do Sinn Féin da Irlanda”.
A ideia será alargar o convite a mais partidos nacionais. Por exemplo, o Die Linke não exclui a possibilidade de aderir ao novo partido. “Todas as questões relacionadas com a fundação de um novo partido de esquerda serão decididas pelo Die Linke no momento oportuno”, cita o Politico as declarações de Martin Schirdewan, o líder do partido do Parlamento Europeu.
A ambição do Bloco é de que o ELA atue em “proximidade ao grupo parlamentar já existente e que atue em coerência com as suas posições”. “Este partido deve identificar com a maior clareza o espaço de esquerda socialista e ecologista e promover a formação e articulação para iniciativas e ações europeias”, lê-se na resolução do Bloco de Esquerda.
Notícia atualizada às 14h21
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