Há mais empresários portugueses a equacionar abrir capital

Depois de terem enfrentado duas crises em três anos, os empresários nacionais estão a alterar a forma como olham para o capital externo, destaca Nuno Fernandes Thomaz, senior partner da Core Capital.

O financiamento bancário é a fonte de financiamento natural para a maioria dos grupos familiares portugueses, que evitam ao máximo abrir capital a investidores externos, seja no mercado de capitais, seja através da entrada de parceiros estratégicos. No entanto, após duas crises no espaço de três anos, a mentalidade está a mudar e há maior abertura por parte dos empresários para abrir capital.

Nuno Fernandes Thomaz, Senior Partner Core CapitalHugo Amaral/ECO

Os empresários vêm de um momento que passaram por tudo: dois cisnes negros em três anos, com uma pandemia, uma guerra em fevereiro de 2022 e a consequente inflação“, realça Nuno Fernandes Thomaz. A falar num painel dedicado ao tema do capital e crescimento do negócio na conferência Empresas Familiares, organizada pelo ECO, o senior partner da Core Capital realça que estamos perante uma grande mudança de mindset: “Com o aumento de taxas de juro, os empresários começaram a pensar que isto não é como era.”

Há empresários que conheço há 30 anos a dizer: estou interessado em abrir capital“, explica o responsável, acrescentando que, desde há um ano, os empresários “olham para um processo de abertura ou venda de capital“.

Segundo Nuno Fernandes Thomaz, há empresários que procuram vender uma posição minoritária “para crescer de forma mas acelerada ou empresários que dizem ‘é o momento, quero entregar isto'”.

Para o senior partner da Core Capital, o processo de “abrir capital tem como contrapartida uma maior exigência dos empresários e o próprio custo de capital”, que é mais elevado que o financiamento junto da banca. Ainda assim, “o capital vem com uma série de coisas que são boas para crescimento: maior profissionalização, maior capacidade de M&A, processo de internacionalização.”

Abrir capital “traz competências que são fundamentais para enfrentar desafio do crescimento”, reforça o responsável, que defende a relevância do private equity no financiamento das empresas, desviando atenções para a banca, que muitas vezes deixa as empresas no limbo. “O nim mata mais que o não”, argumenta.

Frederico Saragoça, Head of Corporate Banking do NovobancoHugo Amaral/ECO

Em relação a esta crítica, Frederico Saragoça, head of corporate banking do Novobanco, realça que “o nível de alavancagem das empresas portuguesas [há uns anos] era extremamente elevado. Hoje está um bocadinho diferente”.

A saída das últimas crises “permitiu às empresas reposicionar-se no mercado e recuperar margens”. Mesmo assim, a postura da banca em relação à concessão de novo crédito mudou ao longo dos anos, também fruto da regulamentação mais apertada e nem sempre os bancos podem financiar a percentagem dos projetos que os empresários desejam.

“Eventualmente quem estava habituada a vir à banca buscar capitais alheios na percentagem que devia ter de capitais próprios”, o nim aparece quando o banco diz vai precisar de 30% de capitais próprios, explica Frederico Saragoça.

O head of corporate banking do Novobanco defende, contudo, que o Novobanco é o “banco das empresas” e reforça que “ver empresas familiares a crescer é crítico para a economia“.

Num momento em que se espera que o Banco Central Europeu continue a baixar taxas de juro, com impacto nos juros pagos nos créditos, Frederico Saragoça admite que é “expectável” que o movimento de descida de taxas continue, refletindo-se numa maior apetência para investir por parte das empresas e numa maior apetência por crédito bancário.

 

 

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