Indústria portuguesa de videojogos faz “start” na casa da Nintendo e Sony

Consórcio eGames Lab, que já investiu quase 30 milhões e criou 112 empregos, estreia-se no Tokyo Games Show. Ásia tem mais de metade dos jogadores e das grandes empresas neste setor a nível mundial.

O consórcio eGames Lab, formado por 22 entidades e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para criar um cluster para a indústria criativa de videojogos em Portugal, vai estrear-se no Japão, “casa” de gigantes do setor como a Nintendo ou a Sony, com a apresentação dos videojogos Keo, Hovershock, The Kause, Chill e da plataforma Fourt.io.

Entre 26 a 29 de setembro, este grupo de empresas portuguesas vai estar presente pela primeira vez no Tokyo Games Show, uma das maiores feiras de videojogos do mundo, abordando o gigante mercado asiático que contabiliza mais de 1,7 mil milhões de jogadores, equivalente a mais de metade (55%) do mercado mundial.

Neste evento, destaca o líder do consórcio, Miguel Campos, vão ser apresentados os “videojogos produzidos em Portugal, com qualidade reconhecida a nível internacional, em países com mercados muito desenvolvidos nesta área, como a China, o Japão ou a Coreia do Sul, que detém mais de 50% das grandes empresas neste setor”.

Desde que foi lançado, há pouco mais de um ano, já foram investidos quase 30 milhões de euros neste projeto, dos quais 60% em atividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico. Foram também criados 112 postos de trabalho, de acordo com o balanço realizado em junho durante um encontro nos Açores.

A Redcatpig, sediada em Angra do Heroísmo (Açores) produziu os videojogos Keo – “apresenta um ambiente de um mundo pós-apocalíptico em que o utilizador pode construir o seu armamento e dominar o campo de batalha” – e Hovershock, que “oferece aos utilizadores a possibilidade de pilotar drones armados através de diferentes cenários”.

Já o The Kause, que “integra um novo sistema de narrativas desenvolvidas pelo projeto e que possibilita ao jogador assumir o papel de um revolucionário que tem como objetivo libertar a sua terra e torná-la num mundo democrático”, como resume o consórcio em nota de imprensa, foi desenvolvido pelas madeirenses Wow!Systems e Fapptory.

Uma “aplicação relaxante” que reúne dezenas de brinquedos, plataformas de meditação e sons, batizada com Chill, é da responsabilidade da Infinity Games, de Odivelas, enquanto a Yacooba (Funchal) desenvolveu a plataforma Fourt.io, que promete simplificar a interação dos utilizadores com a blockchain, “tornando-a mais intuitiva e segura, marcando uma nova etapa na integração de soluções Web3”.

Além das 22 entidades envolvidas – e que inclui também empresas como a Footar, Walkme Mobile, 4Spiro, Solvit, Júpiter Wisdom, Greener Act, Cookies Compliance ou Dream Expectation, entre outras –, o consórcio tem “alianças estratégicas com potências académicas e tecnológicas globais”, como a Universidade Carnegie-Mellon e a Amazon Web Services GameTech, e titãs da indústria como a Sony PlayStation e o Alienware, da Dell.

Nem todas as empresas estão diretamente ligadas aos videojogos. É o caso da Solvit, instalada no Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira (Terinov), que desenvolve trabalho na área da engenharia e das telecomunicações. “Grande parte dos jogos já não corre nos telemóveis ou nos computadores que as pessoas estão a utilizar, mas num servidor web à distância. O nosso papel é otimizar essas ligações entre o terminal e o servidor, de modo a permitir uma melhor usabilidade dos jogos”, descreve o cofundador, Pedro Juliano Cota.

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