Margarida Blasco quebra o silêncio sobre incêndios. “Há um tempo para prevenir, agir e falar”
A ministra anunciou que haverá uma reunião para criar a "equipa especializada em investigação criminal" na segunda com a presença de Montenegro, da MAI, da ministra da Justiça, PGR, PSP, PJ e PSP.
A ministra da Administração Interna quebrou o silêncio ao quinto dia dos incêndios e disse que “há um tempo para prevenir, agir e falar”. Durante uma conferência de imprensa esta quinta-feira, Margarida Blasco refugiu-se nos conselhos das autoridades – para evitar “intervenções desadequadas e desnecessárias” no teatro de operações – para justificar ter estado nos bastidores das operações desde o início dos fogos, no domingo, que já consumiram mais de 94 mil hectares.
“Aconselham a que não haja intervenções e presenças desadequadas nos teatros de operações, por ser o tempo de informar sobre os pontos de situação ou recomendações necessárias. Foi o que fizemos”, frisou a ministra na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa).
Depois do “tempo para prevenir”, “para agir”, “para acompanhar funerais”, Margarida Blasco entende que chegou agora “o momento, como este, para falar ao país”. A ministra disse ainda que não se sente fragilizada pela liderança de Luís Montenegro neste processo. “Todo o Governo esteve informado desde a primeira hora e quando o primeiro-ministro fala, fala pelo Governo”, disse.
“Neste momento, em que a situação não estando ainda resolvida, mas em que se regista alguma acalmia, dirijo-me ao país através da comunicação social para vos dizer o que aconteceu, o que foi feito e porquê”, começou por explicar, antes e avançar para uma fita do tempo detalhada sobre os pedidos de reforços e operações no terreno.
Questionada sobre se houve falhas no combate aos fogos, a ministra da Administração Interna adiantou que será feito um relatório quando a situação se normalizar. “Ainda temos fogos neste momento; portanto, no final, quando estivermos a fazer o rescaldo, quando se fizer o ponto da situação, faremos o relatório e como sempre, estaremos à vossa disposição para esclarecer se houve ou não houve falhas”, disse.
Aconselham a que não haja intervenções e presenças desadequadas nos teatros de operações, por ser o tempo de informar sobre os pontos de situação ou recomendações necessárias. Foi o que fizemos.
Blasco anunciou para criar a “equipa especializada em investigação criminal”, que o primeiro-ministro tinha anunciado na passada terça-feira para apurar os fogos postos, haverá uma reunião na segunda-feira com a presença de Luís Montenegro, da Procuradora-Geral da República, da ministra da justiça e da ministra da Administração Interna, do diretor nacional da PJ, do comandante-geral da GNR e do diretor nacional da PSP.
“Importa aqui referir que, havendo a convicção de que muitos destes incêndios têm origem criminosa, há que destrinçar entre aqueles que eventualmente sejam negligentes dos outros que possam configurar a existência de uma associação criminosa. E esta investigação tem que ser feita com a colaboração entre todas as autoridades judiciárias e órgãos de polícia e de investigação criminal”, detalhou Margarida Blasco.
“A atuação que vivemos, nestes dias, é de elevada criticidade, pelo que se exigiu um significativo esforço e empenho do maior dispositivo de combate de incêndios alguma vez mobilizado no nosso país”, referiu. Entre 14 a 18 de setembro estiveram no teatro das operações 37.772 operacionais, 10.639 meios terrestres, assim como foram “efetuadas 827 missões aéreas de combate a que correspondem 8.757 descargas“, contabiliza.
Nesse mesmo período foram registadas 1.044 ignições, incluindo 416 em período noturno, completa a ministra, apoiada nos dados do Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). O país tem mais de 94 mil hectares de área ardida desde domingo, contabilizou a ministra.
A governante assegurou que o Governo está a acompanhar a “tragédia” que está a assolar o país. “Quero reafirmar, perante todos os portugueses e perante vós, que o Governo acompanha de perto e desde a primeira hora a evolução das condições meteorológicas e de risco de incêndios rurais”, garantiu. Mais, reiterou, que o Governo “tem vindo a adequar as medidas suscetíveis e a aumentar a prevenção e a vigilância numa primeira fase, bem como a potenciar os meios de combate aos incêndios e ainda a imediata resposta económica, social e humana à catástrofe dos grandes incêndios rurais que se têm verificado, com particular incidência no Centro e no Norte do Continente”.
Por fim, apelou à “resiliência e a força” do “rico do povo” português. “Não podemos baixar os braços”, disse, antes de deixar uma “palavra de alento a todos os que continuam a combater as chamas, um agradecimento aos nossos parceiros internacionais que ajudaram”.
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