Quase 40% das empresas de turismo ignoram apoios à integração de imigrantes

Observatório do Talento Migratório do Turismo aconselha a “melhorar a sensibilização para a diversidade" e a desenvolver programas de inclusão como formação linguística ou qualificação profissional.

Quase quatro em cada dez empresas de turismo (38,5%) em Portugal não têm medidas formais de apoio à integração de imigrantes, enquanto 21,6% dizem oferecer algum apoio, como “orientação e acolhimento”, e 8,9% afirmam promover “orientação linguística e formação”.

Este é uma das conclusões do inquérito conduzido pelo Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS), que concluiu haver necessidade de “melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da formação de trabalho migrante”, como formação linguística, qualificação profissional e apoio administrativo.

Já no que toca à equidade salarial, a maioria dos inquiridos (81,9%) assegura que os imigrantes e os trabalhadores portugueses auferem o mesmo rendimento em funções similares. No entanto, um quinto (21%) dos inquiridos alegaram desconhecer as políticas salariais, “o que sugere uma falta de transparência remuneratória em algumas organizações”, lê-se no resumo do estudo.

Quanto aos principais desafios que enfrentam as empresas portuguesas do setor do turismo na ligação com estes trabalhadores migrantes, 25,5% alegam dificuldades com o recrutamento e a retenção de talentos multiculturais. A fechar o pódio seguem-se as “adequadas qualificações” (20,3%) e “questões legais e regulatórias” (9,4%).

Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar não só dos turistas, mas da sua força de trabalho.

Rita Marques

Diretora do Tourism Futures Centre da Porto Business School

A diretora do Tourism Futures Centre (PBS) reconhece que existem “empresas com algumas iniciativas interessantes tendentes à integração de migrantes”. No entanto, citada em comunicado, Rita Marques considera que “há muito espaço para dinamizar programas estruturados de apoio aos migrantes que incluam, não só componentes formativas, mas também componentes associadas à integração social e familiar dos migrantes, ou alojamento e condições de vida”.

“Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar não só dos turistas, mas da sua força de trabalho: 16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas perto de 40% das organizações no setor do turismo não têm implementado quaisquer medidas formais de apoio à integração destes trabalhadores”, sublinha a antiga secretária de Estado do Turismo.

Rita MarquesRODRIGO ANTUNES/LUSA 25 outubro, 2022

O Observatório do Talento Migratório no Turismo, que para este estudo inquiriu 532 profissionais do setor, é uma iniciativa do Tourism Futures Center, integrado no Innovation X Hub da Porto Business School. Tem como objetivo identificar desafios, oportunidades e boas práticas na integração e qualificação de trabalhadores migrantes no setor do turismo em Portugal.

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