Sustentabilidade no retalho: transformar o desperdício alimentar em valor

  • Mariana Pereira da Silva
  • 2 Outubro 2024

É fundamental que as empresas reflitam sobre o seu papel na redução do desperdício alimentar, uma questão crítica que está diretamente ligada à sustentabilidade global.

O desperdício alimentar é uma realidade preocupante que impacta não apenas o meio ambiente, mas também a sociedade e a economia. A efeméride do Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, que se celebra a 29 de setembro, lembrou-nos da urgência de agir contra um dos maiores desafios ambientais e sociais da atualidade.

Neste contexto, é fundamental que as empresas reflitam sobre o seu papel na redução do desperdício alimentar, uma questão crítica que está diretamente ligada à sustentabilidade global. O retalho alimentar, em particular, é um setor-chave nesta luta, dado o seu impacto direto na produção, distribuição e consumo de alimentos.

Segundo dados do Relatório do Índice de Desperdício Alimentar do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado em março deste ano, a nível mundial, os lares desperdiçaram mais de mil milhões de refeições por dia em 2022. Este fenómeno é responsável por cerca de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito de estufa, demonstrando a urgência em adotar práticas mais sustentáveis ao longo de toda a cadeia alimentar.

Muitas empresas reconhecem a urgência desta problemática e estão já a implementar estratégias para o mitigar. Uma das práticas mais impactantes no combate ao desperdício alimentar é a doação de excedentes, sendo que estas doações garantem que alimentos que perderam o seu valor comercial, mas que ainda estão em perfeitas condições de consumo, sejam redistribuídos. Estas doações ajudam a combater o desperdício e, ao mesmo tempo, contribuem para o apoio das comunidades, reforçando o papel das empresas na criação de um impacto social positivo. Dou como exemplo prático deste impacto as doações de excedentes da Missão Continente que, só no 1º semestre deste ano doou cerca de 15 milhões de euros em produtos alimentares e não alimentares a mais de 1070 instituições, salvando assim mais de 4 milhões de refeições que, de outra forma, teriam sido desperdiçadas.

Este tipo de iniciativas demonstra que o combate ao desperdício alimentar não só minimiza o impacto ambiental, mas também contribui para o fortalecimento das comunidades. Para além da gestão de excedentes, é essencial educar os consumidores sobre a importância do consumo consciente e responsável, algo que as empresas podem promover através de campanhas de sensibilização e de práticas que incentivem a economia circular.

O caminho para um futuro mais sustentável no retalho alimentar envolve, por isso, um compromisso contínuo com a inovação e a responsabilidade social. O desafio é grande, mas as oportunidades para transformar o desperdício em valor são ainda maiores.

É importante reconhecer o papel crucial das empresas na promoção de uma cadeia alimentar mais eficiente e responsável. O futuro da sustentabilidade depende das escolhas que fazemos hoje, quer sejamos empresas ou consumidores, sendo importante dar o exemplo e urgente que cada um faça parte da solução. Agora, mais do que nunca, é tempo de continuar a agir e ser impulsionador da mudança.

  • Mariana Pereira da Silva
  • Head of Sustainability da MC

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