Investimento em seed e early stage dispara 36% para 1,6 mil milhões
Investimento para a expansão das empresas ou às que pretendem reorientar a sua estratégia também aumentou cerca de 11% e 9%, respetivamente.
O mercado de capital de risco continua muito ativo em Portugal. No ano passado, o valor dos ativos sob gestão do setor subiu 29% para 9.254 milhões de euros, de acordo com o “Relatório sobre a Atividade de Capital de Risco — 2023”, da Comissão de Mercado de Valore Mobiliários (CMVM), divulgado esta sexta-feira.
Deste “bolo”, 1.653 milhões foram alocados ao investimento a empresas nas fases de seed capital, startup ou early stage, traduzindo-se numa subida de 36% face aos valores de 2022.
A subida de 29% nos ativos sob gestão do capital de risco em 2023 surge tanto pelo crescimento no investimento efetuado diretamente através da carteira própria das Sociedades de Capital de Risco (SCR), quer no investimento realizado pelos Organismos de investimento alternativo (OIA) de capital de risco: as “SCR aumentaram a carteira própria de 211 para 273 milhões de euros (+30%), enquanto os ativos sob gestão nos OIA de capital de risco cresceram cerca de 2.028 milhões de euros, atingindo o montante de 8.981 milhões de euros em dezembro de 2023 (+29%)”.
“Os OIA de capital de risco continuam, deste modo, a ser o veículo preponderante na realização de investimentos pelo capital de risco, tendo um peso no total de ativos sob gestão superior a 97%”, aponta o relatório do regulador e mercados financeiros.
Investimento sobe na fase inicial e de expansão
“Em 2023, destaca-se o investimento nas fases de seed capital, startup ou early stage, atingindo 1.653 milhões de euros (+36% do que em 2022, considerando valores de final do ano)”, pode ler-se no relatório da CMVM.
O investimento para a expansão das empresas (growth/mezzanine) ou às que pretendem reorientar a sua estratégia (turnaround/special situations) também aumentou cerca de 11% (para 1.959 milhões) e 9% (para 913 milhões de euros), respetivamente.
“Em sentido oposto, o valor investido pelos OIA de capital de risco nas situações em que se visa o apoio à gestão de uma empresa através da aquisição do respetivo capital (management buyout) diminuiu para 252 milhões de euros (304 milhões de euros no final de 2022)”, aponta o relatório. Já o investimento de capital de risco em management buyin — entrada de uma equipa de gestão externa na empresa — subiu 5%, para 19 milhões de euros.
Fazendo uma análise comparativa com o setor de capital de risco europeu, o relatório aponta algumas diferenças. No ano passado “predominava o investimento em management buyout (63% versus 4% em Portugal). Ao invés, o investimento na fase de turnaround não tem expressão na Europa, mas representa 14% em Portugal”, aponta. Já o na fase de expansão (growth/mezzanine) tinha expressão quase idêntica em Portugal e na Europa: 26% versus 22%, respetivamente.
No ano passado, as aquisições (investimento) por parte das sociedades gestoras totalizaram 1.792 operações, atingindo um valor total de 2.130 milhões de euros, uma subida face aos 1.583 milhões de euros em 2022, correspondendo a 71% do total de transações.
“As aquisições de ações e quotas, em 2023, totalizaram 504 milhões de euros (num total de 496 operações), o que traduz um aumento face ao ano anterior (400 milhões de euros)”, detalha o relatório. O valor médio por aquisição também aumentou mais 0,3 milhões de euros face a 2022 para cerca de 1,2 milhões por transação.
Já as operações de alienação (desinvestimento) ascenderam a 748 (29% do número total das transações), com um valor total de 840 milhões de euros, abaixo dos 898 milhões registados em 2022. “O valor médio das alienações foi inferior ao de 2022, atingindo cerca de 1,1 milhões de euros (1,2 milhões de euros em 2022)”, destaca o relatório.
“No que respeita a alienações de participações sociais com mais-valias (menos-valias), verificou-se que, face ao valor inscrito em carteira, tal ocorreu em cerca de 33% (13%) das alienações e, face ao valor de aquisição, em 30% (15%) dos casos. Nos demais 54% (55%) dos casos de alienação, face ao valor da carteira (face ao valor de aquisição), não se registaram nem mais, nem menos-valias”, pode ler-se no relatório.
“O valor total das mais-valias face ao valor em carteira foi de 22,5 milhões de euros, sendo de 53,7 milhões de euros face ao valor de aquisição. Em termos de menos-valias observou-se um valor total de -5,7 milhões de euros, face ao valor de carteira, e -6 milhões de euros, face ao valor de aquisição”, especifica.
Quota de mercado das sociedades gestoras
Ao contrário do ocorrido em 2022, no ano passado não se registam alterações no top cinco das maiores entidades que gerem OIA de capital de risco em Portugal. Pese em embora uma perda de quota face ao ano anterior, a Oxy lidera com uma quota de 10,4% do mercado, seguida da ECS com uma quota de 8,47% (um recuo face aos 10,65% em 2022) e da Explorer com 7,92% (uma subida face aos 6,44% de 2022). Também a Lynx (6,05% vs 5,48% em 2022) e a Iberis (6,04% vs 5,43%) registam um reforço da sua quota.
Globalmente, apesar de não haver mexidas no ranking, as cinco principais sociedades de risco passaram de uma quota de 41% para 39%, ou seja, menos dois pontos percentuais.
Das 43 entidades que gerem OIA de capital de risco (mais duas entidades do que em 2022) apresentam uma quota de mercado inferior a 1%.
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