“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, recomenda Centeno

Governador do Banco de Portugal defendeu que famílias, empresas e Estado devem construir poupanças para enfrentar os desafios futuros.

O governador do Banco de Portugal recomendou esta terça-feira que o Estado, as empresas e as famílias voltem a constituir ‘almofadas’ de poupança para fazer face aos desafios futuros. A declaração de Mário Centeno ocorre a dois dias da entrega do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e reflete aquela que tem sido a sua mensagem de prudência nos últimos anos.

“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, disse Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de outubro de 2024, em Lisboa.

O antigo ministro das Finanças falava das perspetivas de poupança das famílias, que o Banco de Portugal prevê que se situe acima de 11% entre 2024 e 2026, mas estendeu a recomendação para os restantes agentes económicos: empresas e Estado.

Este cenário surge num contexto de moderação do crescimento do rendimento disponível real das famílias, que deverá abrandar para uma média de 1,9% em 2025 e 2026, após um aumento expressivo de 6,6% previsto para 2024.

O crescimento do rendimento das famílias em 2024 reflete a situação favorável do mercado de trabalho, com aumentos do emprego e dos salários reais, bem como o impacto de medidas orçamentais como o aumento das pensões e a redução do IRS. No entanto, nos anos seguintes, o Banco de Portugal antecipa uma desaceleração da massa salarial e a dissipação dos efeitos destas medidas.

No decorrer da apresentação do Boletim Económico de outubro esta terça-feira, o governador do Banco de Portugal refere ainda que a manutenção de uma taxa de poupança elevada, num contexto de normalização das taxas de juro, poderá ser explicada por vários fatores.

Mário Centeno destaca que, por um lado, as famílias poderão estar a adotar uma postura mais cautelosa após os choques dos últimos anos, incluindo a pandemia e o aumento do custo de vida. Por outro, as taxas de juro positivas tornam mais atrativo poupar, contrastando com a década anterior de juros próximos de zero.

A mensagem do governador do Banco de Portugal para todos construírem almofadas financeiras vai também ao encontro da decisão do supervisor em exigir aos bancos mais uma almofada financeira (buffer) no seu balanço a partir de 1 de janeiro de 2026.

Na segunda-feira, o Banco de Portugal reviu o enquadramento metodológico da reserva contracíclica de fundos próprios, preparando-se para ativar este instrumento macroprudencial pela primeira vez desde a sua implementação em 2016, colocando a taxa nos 0,75% a partir de 2026.

O Banco de Portugal defende ainda que o aumento gradual das reservas no contexto de níveis elevados de capitalização e rendibilidade da banca, como sucede atualmente, mitiga também os custos para a atividade económica no presente e facilita a adaptação dos bancos ao novo requisito de reserva contracíclica.

“Não há melhor momento para aumentar almofadas de proteção para o futuro que não este. E por isso é que essa decisão foi tomada agora”, referiu o governador do Banco de Portugal no decorrer da apresentação do Boletim Económico de outubro, esta terça-feira em Lisboa.

Com a taxa a passar de 0% para 0,75%, as instituições terão de reter mais lucros ou captar capital no mercado para cumprir este novo requisito regulatório.

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