Portuguesa Pixelmatters lança veículo “founder friendly”

A Pixelmatters Ventures arranca em 2025 com a expectativa de, durante três anos, investir em 10-15 empresas. Propõe serviços e conhecimento em troca de participação. O fundador explica o modelo.

Luís Monteiro, Bruno Teixeira, André Oliveira e ⁠Tiago Coelho, equipa fundadora da Pixelmatters Ventures

A portuguesa Pixelmatters acaba de lançar um veículo para oferecer às empresas tecnológicas “uma forma diferente de aceder a capital, talento, conhecimento e comunidade”. A Pixelmatters Ventures arranca com meio milhão de euros de capital inicial com o intuito de conceder às empresas acesso a serviços ou conhecimento em troca de uma participação, mas sem injeção de capital. A atividade da Pixelmatters Ventures arranca em 2025 e tem a expectativa de, durante três anos, investir em 10-15 empresas.

André Oliveira, CEO fundador do estúdio de produção Pixelmatters e também fundador da Pixelmatters Ventures, chama-lhe um veículo de investimento “founder friendly“. E explica porquê.

“Não somos VC profissionais, somos builders, fundadores que passaram pelo mesmo e sentiram as mesmas dores que os fundadores que vão falar connosco sentiram ou estão a sentir”, começa por explicar o empreendedor, que em 2013, com 23 anos, criou no Porto o estúdio de produção, ao ECO.

A Pixelmatters Ventures apresenta ainda “termos amigáveis como, por exemplo, a não exigência de um board seat ou objetivos irrealistas”, mantendo um “espírito colaborativo e construtivo, sempre”, bem como, “rapidez na resposta e tomada de decisão, não deixando os fundadores ‘a nadar’ na incerteza durante meses e meses, ou anos até”, exemplifica.

Tem um modelo de funcionamento distinto dos fundos VC tradicionais num aspeto muito específico. “Nunca há investimento de capital da nossa parte. Nós vamos investir ‘apenas’ o nosso tempo, know-how e serviços, não vamos injetar qualquer cash na empresa”, explica André Oliveira.

Para o empreendedor, estes são alguns dos elementos que poderão levar as empresas-alvo a optar pela sua proposta em vez de recorrer a um VC que, por norma, injeta capital nas participadas em troca de equity.

“O valor desse investimento é aferido pelo valor que determinada duração e tipologia de contrato significaria caso essa empresa contratasse a Pixelmatters. Com base nesse valor, acordamos uma avaliação para a empresa e entramos ou na participação social (equity) e/ou em partilha de lucros”, especifica.

Quanto às empresas-alvo, a Pixelmatters Ventures procura “empresas com produto no mercado e tração comprovada — utilizadores, faturação e, idealmente, lucro — que enfrentem desafios tecnológicos. A abordagem é focada em negócios digitais, agnóstica à indústria e setor”, diz. E, pese embora o foco inicial seja em empresas de Portugal e dos EUA, a Pixelmatters Ventures diz estar “aberta a oportunidades globais”.

Participação em troca de serviços ou know-how

Formalmente, a Pixelmatters Ventures não se trata de um fundo de capital de risco, mas de uma empresa sob a constituição de uma sociedade anónima (S.A.). André Oliveira explica esta opção de modelo: “Investigámos as opções de estrutura societária e concluímos que dado o modelo diferente no qual a Pixelmatters irá operar, onde não há capital investido nas empresas target, não podemos ter um fundo tradicional de capital de risco registado na CMVM. Tal é algo que, na realidade, até é visto com bons olhos, pois desde que a ideia surgiu se pensou em evitar as burocracias e custos acrescidos de um ‘fundo CMVM'”, começa por referir.

“Neste contexto, vamos estruturar uma S.A. cujos sócios-fundadores serão os líderes atuais da Pixelmatters, sendo eu o acionista maioritário. Essa entidade irá deter as participações nas empresas investidas e cada investidor irá deter uma parte dessa empresa mediante o capital que investir, tendo exposição direta aos resultados e dividendos financeiros que essa empresa e atividade vier a ter”, diz.

Algum modelo a operar no mercado serviu de inspiração ao modelo de funcionamento da Pixelmatters Ventures? “Temos conhecimento que houve algumas tentativas de fazer isto no passado, em modelo similar. Algumas correram bem, outras nem tanto. Focamo-nos no nosso caminho e convicções. O mercado ditará se estamos certos ou errados!”, diz o fundador.

O calendário de arranque de operação está definido. “Apesar de atualmente já termos um investimento fechado e assinado, com trabalho já a decorrer, o plano é arrancar a atividade da Pixelmatters Ventures oficialmente em 2025 e fazer um deployment ativo durante três anos, investindo em 10-15 empresas, tendo depois um horizonte de mais sete anos sem atividade, a aguardar retornos. Falamos, portanto, de um horizonte de, no máximo, 10 anos para se ver retorno do investimento, que é o período standard de fundos de capital de risco tradicionais”, diz.

A Pixelmatters Ventures arranca com meio milhão de euros de capital inicial. Mas há o objetivo de angariar entre 3 milhões 5 milhões de euros de investidores externos para investir ativamente em 10 a 15 empresas entre 2025 e 2028, num máximo de 500 mil euros por empresa.

“O capital de arranque (500 mil euros) serve apenas para garantir que temos capacidade para executar (isto é, pagar a operação, nomeadamente, custos com pessoal, equipamento e ferramentas de trabalho) o primeiro compromisso de investimento que já fechamos”, explica.

Quanto aos futuros reforços de capital, “já foram feitas abordagens junto de potenciais investidores, e já há fundadores experientes e bem sucedidos interessados em Portugal, EUA e Reino Unido”. O capital assegurado, nesta fase preliminar, é de 100-200 mil euros. “O valor exato do investimento será definido com base numa proposta comercial de serviços, baseada no pricing existente da Pixelmatters e que terá como objetivo de atingir um conjunto de deliverables acordado entre as partes”, detalha.

Fundada em 2013, a Pixelmatters é hoje uma empresa “100% bootstrapped” — “esta tentativa de levantar capital para a Pixelmatters Ventures é a nossa primeira tentativa nestas andanças” –, com clientes como OutSystems, Rubrik, Typeface, Glean, VMware, Fortinet, Salesforce, DocSend, Protocol Labs ou Vodafone. Em 2022 e 2023 registou 4,2 milhões de euros de volume de negócios e este ano estima faturar cerca de 3,8 milhões, com 90% da faturação com origem nos Estados Unidos.

“Somos atualmente cerca de 45 pessoas. Quanto à Pixelmatters Ventures, se correr bem, estimamos que no máximo possa vir a ter uma equipa de entre 15 a 20 pessoas“.

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