Portugal 4.0: onde nasce o futuro do empreendedorismo

  • Jon Fath
  • 15 Outubro 2024

Se continuarmos a simplificar processos e a apostar em políticas que incentivem o empreendedorismo digital, o país pode muito bem tornar-se o próximo grande centro de startups na Europa.

A digitalização veio mudar as regras do jogo no mundo dos negócios, tornando a criação de uma empresa a nível mundial acessível a qualquer pessoa com uma boa ideia e um computador. Em Portugal, essa transformação não só está a abrir portas para novos empreendedores, como também a colocar o país no mapa do empreendedorismo europeu – os números não mentem.

Segundo a 5.ª edição do estudo “Empreendedorismo em Portugal” da Informa D&B, o número de novas empresas criadas no país saltou de cerca de 34 mil em 2013 para quase 50 mil em 2023, um crescimento de 47% que se traduz em quase meio milhão de empresas criadas numa década. Este aumento não só impulsiona a economia, mas também gera novas oportunidades de emprego. Segundo o mesmo estudo, entre 2018 e 2022, as novas empresas constituídas criaram 44 mil postos de trabalho no ano de nascimento. E desde 2020, o ritmo de criação de empresas tem vindo a acelerar, mostrando que os os empresários em Portugal não têm medo de arregaçar as mangas e arriscar.

Portugal tem-se tornado cada vez mais atrativo para empreendedores estrangeiros devido à sua qualidade de vida, mão de obra qualificada, localização estratégica e infraestruturas modernas. Nos últimos anos, o país tem registado um aumento significativo no número de empresas criadas por estrangeiros, atraídos por uma série de incentivos fiscais para empresas que se instalam no país, como a redução do IRC para startups e fundos europeus direcionados ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. Várias cidades portuguesas têm-se transformado em verdadeiros hubs tecnológicos, que oferecem apoio especializado e networking para novos negócios, fomentando um ambiente dinâmico que atrai empreendedores de todo o mundo, e consolidando Portugal como um destino de eleição para quem quer criar e escalar empresas inovadoras.

Nos últimos anos, o país tem registado um aumento significativo no número de empresas criadas por estrangeiros, atraídos por uma série de incentivos fiscais para empresas que se instalam no país, como a redução do IRC para startups e fundos europeus direcionados ao desenvolvimento tecnológico e à inovação.

A Estónia é um exemplo claro de como a digitalização pode transformar um país num verdadeiro paraíso para startups. Este pequeno Estado Báltico compensa o que não tem em dimensão territorial em pegada empreendedora, registando o maior número de startups financiadas — superando Silicon Valley — e o maior número de empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares per capita na Europa (com 4,5 unicórnios por cada milhão de habitantes), segundo o relatório “State of European Tech 2023”.

Beneficiando do sucesso inicial do Skype, muitos ex funcionários desta empresa pioneira usaram a sua experiência para criar negócios próprios, como a Bolt, que escalou e se tornou unicórnio por direito próprio. Uma referência mundial em serviços digitais há mais de uma década graças a políticas como o e-residency, na Estónia criar uma empresa é rápido e acessível, demorando menos de 15 minutos de forma completamente online, utilizando um cartão de identificação eletrónico. Juntamente com outras iniciativas como a Startup Estonia, o país foi capaz de atrair empreendedores de todos os “cantos” do mundo e construir um ecossistema vibrante de inovação.

Com o foco certo e algumas melhorias no caminho, o país pode, efetivamente, tornar-se um dos principais destinos de empreendedorismo na Europa, levando o nome de Portugal cada vez mais longe.

Este país à beira-mar plantado tem tudo para seguir os passos de países como a Estónia, que se destaca no topo dos resultados do PISA, ao contrário de Portugal, que ainda enfrenta desafios em termos educacionais. É verdade que já se tem vindo a afirmar como um destino de eleição para a criação de empresas, graças à crescente digitalização dos processos de negócio. A facilidade de criar uma empresa online, a existência de plataformas digitais de apoio ao empreendedorismo e a integração de tecnologias avançadas propiciam um ambiente cada vez mais favorável para mais empresas. Se continuarmos a simplificar processos e a apostar em políticas que incentivem o empreendedorismo digital, o país pode muito bem tornar-se o próximo grande centro de startups na Europa.

Portugal já é considerado o 6º melhor ambiente da Europa para criar e desenvolver uma startup, de acordo com o ranking do Financial Times “Europe’s Leading Start-Up Hubs 2024”, com cerca de 4000 startups e scaleups a nível nacional. E com as condições ideais, incluindo duas incubadoras portuguesas entre as dez melhores da Europa, não há limites para o que os empreendedores podem alcançar.

No fundo, a digitalização está a fazer com que a criação de empresas em Portugal seja mais fácil do que nunca. Com o foco certo e algumas melhorias no caminho, o país pode, efetivamente, tornar-se um dos principais destinos de empreendedorismo na Europa, levando o nome de Portugal cada vez mais longe.

  • Jon Fath
  • Cofundador e CEO da Rauva

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