UE preparada para retaliação se Trump avançar com tarifas sobre produtos europeus

A menos de um mês das eleições nos EUA, Bruxelas prepara-se para uma eventual retaliação se uma Casa Branca dominada por Donald Trump voltar a aplicar tarifas sobre as exportações europeias.

A menos de um mês das eleições nos Estados Unidos, a União Europeia (UE) preparou uma lista de produtos americanos para retaliar com novas taxas aduaneiras se o antigo Presidente Donald Trump voltar a ser eleito.

De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, esta terça-feira, Bruxelas só avançará com novas taxas sobre os produtos norte-americanos se Donald Trump, enquanto presidente dos Estados Unidos, repetir a proeza de 2018 e avançar no mesmo sentido em relação aos produtos europeus.

Fontes próximas do processo indicam à Bloomberg que essa não será, no entanto, a primeira opção do executivo comunitário. A prioridade, caso Donald Trump vença as eleições, será de chegar a um acordo em algumas áreas de interesse comum, nomeadamente a China.

Recorde-se que as tensões comerciais entre os 27 Estados-membros e Pequim têm subido de tom desde que o executivo decidiu, no início do mês, avançar com taxas extra à importação de carros elétricos chineses. Em resposta, o ministério do Comércio da China decidiu aplicar medidas anti-dumping sobre as exportações europeias de brandy e lançar uma investigação sobre as importações europeias de carne de porco e laticínios europeus.

Já durante a campanha eleitoral, Donald Trump tem prometido que estará preparado para aplicar tarifas entre 60% a 100% sobre as importações chinesas caso vença as eleições, em novembro. O candidato republicano às eleições não deixou margens para dúvidas. “Para mim, a palavra mais bonita do dicionário é tarifa”, disse durante uma entrevista à Bloomberg, esta terça-feira.

O tema das taxas aduaneiras sobre os produtos europeus volta assim a estar em cima da mesa depois de, em 2018, Donald Trump ter avançado nesse sentido. Durante o seu primeiro mandato, as exportações europeias de aço e alumínio foram atingidas com impostos extras, tendo o bloco europeu retaliado sobre as importações de produtos como as Harley-Davidson Inc. e os jeans da Levi Strauss & Co.

Estes impostos foram suspensos depois de Joe Biden assumir a presidência, em 2021, no entanto, não acalmaram as relações comerciais entre os EUA e a UE.

No âmbito do Inflation Reduction Act (IRA), promulgado por Joe Biden, em 2022, e cujo objetivo principal era fomentar a produção de tecnologias limpas e combater a inflação na economia dos EUA, foram criados incentivos fiscais e subsídios para as empresas norte-americanas dos setores da mobilidade elétrica e das energias renováveis.

No entanto, o IRA suscitou preocupações no bloco europeu uma vez que alguns dos subsídios ficaram apenas disponíveis para produtores nacionais, permitindo-lhes beneficiar de créditos fiscais. Este facto suscitou preocupações na Europa quanto à possibilidade de concorrência desleal e de distorções do mercado, uma vez que poderia incentivar as empresas europeias a realocar a produção para os Estados Unidos ou, até mesmo, prejudicar os fabricantes da UE que exportam para o mercado norte-americano.

Em resposta, a UE encetou negociações com os EUA para responder a estas preocupações e encontrar formas de garantir que as empresas europeias não eram afetadas, mas não aliviou os riscos de perda de concorrência para os Estados Unidos uma vez que o IRA ainda vigora.

Em fevereiro último, o Parlamento Europeu publicou um paper no qual refletiu sobre a questão, uma vez que as negociações ainda estavam em curso e os dois blocos preparavam-se para eleições.

“O IRA, em particular, provocou fricções com a União Europeia. Este facto levou a uma reavaliação dos pressupostos há muito defendidos, sobre o papel do governo na economia nacional. No entanto, ainda há muito a fazer e há desafios pela frente“, ressalva a instituição em Estrasburgo.

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