Estudo Médis: Acesso digital melhora a perceção dos portugueses quanto ao SNS
Estudo da Médis conclui que a digitalização é indicada como fator de melhoria do SNS. A dificuldade de acesso ao sistema público esconde a perceção de qualidade dos cuidados de saúde prestados.
O estudo da Médis em parceria com a Return On Ideas aponta que a digitalização no acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), como a aplicação SNS24, empurrou o aumento da satisfação dos portugueses relativa à qualidade dos serviços de saúde para 7,3 pontos numa escala de 0 a 10 este ano – uma subida de 0,3 pontos face a 2021.
Quem pesa mais na pontuação à qualidade dos serviços são os inquiridos que recorrem mais ou exclusivamente aos serviços de saúde privados, mas é entre os utilizadores do serviço de saúde público (em contexto de prevenção ou rotina) que a perceção de melhoria mais aumenta.
A valorização da digitalização é indicada por alguns inquiridos que consideram que facilita a gestão de documentos e possibilita tirar senhas online, o que acaba por otimizar seu tempo despendido em filas de espera, por exemplo.
Não obstante, a avaliação do acesso desceu de 6,8 para 6,7 e, assim como em 2021, 26% da amostra indica ter dificuldades em aceder a serviços de saúde em tempo útil. Tal “ajuda a explicar o aumento da contratação de seguros e/ou planos de saúde”. Segundo o Observatório de Seguros de Saúde, 55% da população tem seguro, plano ou subsistema de saúde. Valores que revelam que nalgumas áreas a resposta do SNS “poderá ser insuficiente”.
O estudo “Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio” chegou a estes resultados com base nas respostas aos inquéritos entregues a 1.056 indivíduos entre os dias 9 e 23 de fevereiro. A dimensão amostral apresenta uma margem de erro de 3,02%. Também contou com uma componente qualitativa em que foram realizadas entrevistas com a duração de duas horas a 10 pessoas entre os dias 18 de abril e 16 de maio. Todos os intervenientes são residentes em Portugal continental.
SNS penalizado pela mediatização dos seus problemas
O estudo concluiu também que o SNS é mais penalizado pela “mediatização dos seus problemas” do que pelos serviços que efetivamente presta. Quem o utiliza tem maior confiança na sua capacidade de resposta (7,8 de uma escala de 10 pontos) do que quem recorre frequente ou exclusivamente aos prestadores privados (5,8).
O que justifica em parte a pontuação de 7,3 que os utilizadores do serviço público atribuíram à confiança na capacidade do SNS em responder aos problemas graves de saúde face aos 5,8 de quem frequenta principalmente ou exclusivamente serviços privados.
É assim, eu não tenho grande opinião sobre isso, mas eu tenho noção de que a maior parte das pessoas se queixa muito. Pelo menos, do Hospital de Faro, que seria onde eu iria se estivesse no Algarve, tenho noção que faltam muitas camas, que o atendimento é péssimo, eu tenho a sensação que se for lá devo ser atendida no dia seguinte
Quanto à avaliação regional, verificam-se desigualdades no acesso. O Grande Porto destaca-se como a região com melhor acesso (7,2 pontos) e maior confiança na capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde. Já o Algarve é a região com maior dificuldade de acesso (6 pontos), registando uma queda de 25% na perceção do acompanhamento em saúde face a 2021.
“‘Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio’ mostra-nos como a maioria dos portugueses atribui uma qualidade elevada ao sistema de saúde, o que contraria uma narrativa talvez demasiado pessimista que se instalou. Apesar da notícia ser boa, os desafios e oportunidades também são muitos e devemos trabalhar neles de forma coordenada, a bem da sustentabilidade do sistema.”, assinalou Maria do Carmo Silveira, responsável de Orquestração Estratégica do Ecossistema de Saúde do Grupo Ageas Portugal.
Instabilidade financeira contribui para problemas de saúde mental nos jovens
Os problemas de saúde mental são mais acentuados na população mais jovem. Dificuldades ou instabilidade financeira, fragilidade dos seus projetos profissionais, dificuldade na emancipação, hiperestimulação e hiperexposição à interação no mundo digital são algumas das razões por parte da destabilização psicológica ou emocional.
O maior aumento de transtornos mentais foi registado entre os jovens. Dos inquiridos dos 18 aos 24 anos indicaram ter uma doença mental diagnosticada 19%, uma subida de 10% face a 2021.
“O que deve preocupar não é tanto que procurem ajuda (e diagnóstico), mas a tendência para o autodiagnóstico de doença mental – um fenómeno empolado pelas redes sociais que pode envolver grandes riscos para a saúde.”, refere o estudo.
Entre os fatores de deterioração da saúde física e mental, os problemas financeiros destacam-se com 33% dos portugueses a identificar esta situação ter um impacto negativo na sua saúde.
Apenas 20% empenha-se em melhorar a sua saúde e bem-estar
O estudo revela que mesmo que a vontade de melhorar o seu estado de saúde tenha aumentado de 36% para 48%, apenas 20% da população tem-se esforçado e tido um comportamento consistente para melhorar a sua condição de saúde e bem-estar.
É deixado o alerta que “o excesso de peso já ultrapassou o tabaco como um dos fatores de risco que mais contribuiu para a perda de anos de vida saudável e mortalidade”.
Aliás, cerca de metade da amostra (52%) tem excesso de peso, mas o diagnóstico agrava-se principalmente para os homens entre os 55 e 64 anos – 75% têm excesso de peso ou obesidade.
“Apesar das evidências, as pessoas não parecem reconhecer o risco do excesso de peso para a saúde; tudo sugere que o peso ainda seja um problema maioritariamente estético, explicando maior atenção entre as mulheres.”, conclui o estudo.
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