“Ainda não partimos o pescoço da inflação, mas estamos quase”, diz Lagarde

Apesar das perspetivas positivas para a inflação, a presidente do BCE destaca que "a inflação doméstica ainda é forte" e que não há qualquer compromisso para futuros cortes das taxas de juro.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira o segundo corte consecutivo das taxas de juro, reduzindo a taxa de depósitos em 25 pontos base para 3,25%. A decisão foi tomada na reunião do Conselho do BCE realizada na Eslovénia, com a presidente Christine Lagarde a destacar que “a decisão foi tomada de forma unânime”.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Lagarde referiu que “o processo de desinflação está no bom caminho”, mas notou que “a inflação deverá subir nos próximos meses, descendo depois para o objetivo no decurso do próximo ano.”

Segundo os dados mais recentes do gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat), a taxa de inflação da Zona Euro fixou-se em 1,7% em setembro, que compara com os 2,2% registados em agosto.

Apesar desta previsão positiva para a evolução da taxa de inflação na Zona Euro, Lagarde sublinhou que persistem desafios significativos no controlo dos preços. “A inflação doméstica ainda é forte” e “as pressões salariais são fortes”, alertou a presidente do BCE. No entanto, acrescentou que “a maioria das medidas de inflação subjacente caiu ou manteve-se” e salientou: “Ainda não partimos o pescoço da inflação, mas estamos quase.”

No plano do crescimento económico da Zona Euro, o discurso de Lagarde foi menos otimista. “Os dados recentes apontam para um crescimento mais lento do que o esperado”, reconheceu a líder da entidade responsável pela política monetária da área do euro, acrescentando que “as famílias consumiram menos do que o previsto” e “o investimento está a expandir-se apenas lentamente.”

Christine Lagarde mostrou-se confiante na recuperação gradual da economia do bloco europeu, notando que o BCE não antecipa uma recessão na Zona Euro, mas “continuamos a pensar numa aterragem suave”.

Na sua intervenção, a presidente do BCE identificou vários riscos para as o crescimento económico e para a inflação na região, notando que “os riscos para o crescimento estão enviesados no sentido descendente”, citando fatores como a baixa confiança dos agentes económicos, o baixo investimento e as tensões geopolíticas.

Perspetivando os próximos meses em matéria de potenciais cortes de taxa de juro, a líder do BCE manteve uma postura de cautela sublinhando que “o Conselho do BCE não está a comprometer-se previamente com uma trajetória particular para as taxas de juro”.

As decisões futuras, explicou, “basear-se-ão na avaliação das perspetivas de inflação à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”

Apesar dos desafios, Lagarde mostrou-se confiante na recuperação gradual da economia do bloco europeu, notando que o BCE não antecipa uma recessão na Zona Euro, mas “continuamos a pensar numa aterragem suave”. Além disso, destacou que o Conselho do BCE “espera que a economia fortaleça ao longo do tempo”, argumentando que os “inquéritos recentes apontam para uma recuperação gradual nos gastos das famílias.”

Com este terceiro corte das taxas de juro em 2024 e o primeiro corte consecutivo em 13 anos, o BCE sinaliza a sua confiança no progresso feito no combate à inflação, mas mantém uma postura vigilante face aos riscos persistentes.

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