“Alguns colegas do BCE não gostam da expressão, mas a inflação foi vencida”, assume Centeno
"Alguns dos meus colegas do conselho de governadores não gostam da expressão, mas a inflação foi, de facto, vencida", assume o governador do Banco de Portugal.
O governador do Banco de Portugal considera que o BCE venceu “com sucesso” a batalha contra a inflação. “Alguns dos meus colegas do conselho de governadores não gostam da expressão, mas a inflação foi, de facto, vencida”, assumiu esta sexta-feira Mário Centeno.
Falando na Cimeira do Turismo, em Mafra, Centeno explicou: “Fizemos um sacrifício muito grande para vencê-la”, mas os dados mostram que a inflação já se encontra “em torno” daquilo que o Banco Central Europeu (BCE) pretende.
“A inflação desceu mais depressa do que subiu, demorou muito tempo a subir, foram muitos choques sucessivos que fizeram subir a taxa de inflação para mais de 10%”, explicou. Porém, os últimos números mostram um cenário muito diferente: a taxa de inflação em França está nos 1,2% e em Espanha nos 1,5%. “A inflação está em torno dos 2%, que é onde queremos onde esteja”, disse o governador do Banco de Portugal.
"Alguns dos meus colegas do conselho de governadores não gostam da expressão, mas a inflação foi, de facto, vencida.”
Depois de subir as taxas de juro em 450 pontos base nos últimos dois anos, o BCE já promoveu dois cortes das taxas em 25 pontos base cada, com a taxa de juro dos depósitos a cair para os 3,5%.
A próxima reunião do conselho de governadores do BCE está marcada para o dia 17 de outubro, na Eslovénia.
“Parece desejo maléfico”, mas juros não devem voltar a terreno negativo
O que se seguirá? Para Centeno, que pede cautela neste processo, é importante que ocorra um processo de normalização deste ciclo da política monetária, mas evitando que as taxas de juro voltem aos níveis que tínhamos antes da crise pandémica.
“Eram taxas de juro negativas, não era desejável nem saudável para a economia”, sublinhou o governador e membro do conselho do BCE. “A normalização das taxas de juro acontecerá quando elas estabilizarem nos 2%, mais décima menos décima“, acrescentou.
Centeno defendeu que as famílias e empresas terão de se adaptar a esta nova realidade de taxas mais altas do que antes da pandemia. Até porque avisou: “Os juros não vão voltar aos níveis da pandemia. Parece um desejo maléfico, mas é a forma de estabilizar os juros e a inflação na Zona Euro“, frisou.
(Notícia atualizada às 11h17)
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