Stellantis prepara fábrica de Mangualde para produzir mais seis carros por hora
Construtora automóvel altera licença ambiental para incorporar futuros investimentos na unidade industrial do distrito de Viseu, que no início deste mês começou a produzir veículos elétricos em série.
O grupo Stellantis está a renovar a licença ambiental da fábrica de Mangualde, no distrito de Viseu, para “incorporar futuras alterações e projetos” nesta unidade industrial que conta atualmente com 832 trabalhadores e que no início deste mês começou a produzir em série vários modelos 100% elétricos das marcas Citroën, Fiat, Opel e Peugeot, nas versões de passageiros e comerciais ligeiros.
De acordo com os documentos consultados pelo ECO, que integram o pedido de licenciamento submetido pela Peugeot Citroën Automóveis Portugal, S.A. junto da Agência Portuguesa do Ambiente, entre as alterações contempladas no projeto destaca-se o aumento da produção de 12 para 18 veículos por hora, a criação de um quarto turno diário e a instalação de uma unidade de produção de energia fotovoltaica para autoconsumo (UPAC).
Fonte oficial do grupo liderado pelo português Carlos Tavares, que vai sair do cargo em 2026, explica ao ECO que estes indicadores são exigidos para que se possa calcular o impacto máximo possível da unidade industrial no âmbito desta renovação, notando, porém, que esta não é ainda a realidade atual. “A fábrica não irá, para já, passar a produzir 18 veículos por hora ou constituir uma quarta equipa. Mas é para prever esse cenário”, acrescenta.
Caso venha a ser aprovado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro) este pedido de licenciamento, cujos elementos estão em consulta pública até 25 de novembro, o centro de produção de Mangualde ficará assim preparado para vir a produzir mais seis carros por hora. O que, num cenário de laboração contínua, e mantendo os dois períodos de paragem anual preestabelecidos (ou seja, 336 dias por ano), corresponderia a uma produção efetiva de 117.932 veículos por ano.
Criada em 1962, quando o industrial mangualdense José Coelho dos Santos comprou uma licença para fabricar automóveis, que posteriormente foi adquirida pela Citroën, esta instalação fabril funciona atualmente num regime de três turnos diários, de segunda a sexta-feira, complementado com um ou dois turnos ao fim de semana. Embora possam variar consoante a necessidade, as duas interrupções de laboração estão programadas para duas semanas em agosto e uma semana e meia em dezembro.
Estamos em fase de alteração da licença ambiental, incorporando, inclusive, futuras alterações e projetos da fábrica ao nível da autonomia energética, do aumento contínuo do recurso a energias renováveis e do compromisso em reduzir a pegada carbónica.
Em termos de área, esta fábrica sexagenária — já montou carros como o Citroën 2 CV e chegou a ser um satélite da fábrica de Vigo da PSA – Peugeot/Citroën — ocupa neste momento um total de 86.830 metros quadrados (m2), dos quais 40.430 de área coberta. “Todas as alterações relacionadas com a implementação de novos equipamentos ou procedimentos de trabalho terão lugar dentro das instalações já existentes, não se encontrando previsto qualquer aumento de área produtiva. Por outro lado, a instalação da UPAC envolverá a ocupação de num terreno novo, adjacente ao atual perímetro fabril, com a área total de 13.450 m2”, contabiliza na Avaliação de Impacte Ambiental.
Fonte oficial do grupo que juntou as marcas dos grupos Fiat/Chrysler e Peugeot/Citroën indica que, no imediato, “não [há] impacto ao nível dos postos de trabalho” com esta alteração da licença ambiental, que incorpora várias mexidas “ao nível da autonomia energética, do aumento contínuo do recurso a energias renováveis e um “compromisso” em reduzir a pegada carbónica. Já quanto ao máximo possível após o licenciamento, os documentos citam que “o projeto em estudo [resultaria] na contratação de 240 novos colaboradores, ficando assim com 1.072 trabalhadores”.
Para este ano, em que se tornou “a primeira fábrica em Portugal a produzir veículos de passageiros e veículos comerciais ligeiros elétricos a bateria, de grande série” – resultado de um investimento de 119 milhões de euros obtido através do consórcio que lidera no PRR (agenda mobilizadora “GreenAuto”) -, é esperado novo recorde de produção de 87 mil veículos nestes mais de 60 anos de operação da fábrica de Mangualde.
Caso se confirme este volume de produção em 2024, é o equivalente a um crescimento na ordem dos 5% face ao valor máximo que já tinha sido registado no ano passado. E um número que tornará a Stellantis Mangualde a segunda unidade de construção de automóveis mais relevante no país, apenas superada pela Volkswagen Autoeuropa, em Palmela.
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