AlmaScience arranca com spin-off PaperWeight AI para ajudar retalhistas a gerir stocks
O sistema está em "fase de testes com um dos maiores retalhistas em Portugal" e em "negociações com um canal nos EUA". A empresa deverá criar, pelo menos, 20 postos de trabalho nos próximos dois anos.
Sensores baseados em papel para ajudar os retalhistas a gerir os stocks e as perdas de produto devido a roubo ou dano, com menores custos, é a solução proposta pela PaperWeight AI, um spin-off da AlmaScience, laboratório colaborativo e uma incubadora de tecnologia focada na inovação sustentável. “O sistema já está em fase de testes com um dos maiores retalhistas em Portugal” e em “negociações com um canal nos EUA”. Nos próximos dois anos, a empresa deverá criar, pelo menos, 20 postos de trabalho.
Carlos Jorge Silva, diretor da AlmaScience, explica o que motivou este spin-off: “Existem oportunidades de negócio muito específicas que podem ser abordadas, de outra forma, por uma entidade independente”, diz. Assim, enquanto a AlmaScience se dedica à investigação aplicada em eletrónica verde e materiais sustentáveis, a PaperWeight AI está “focada em exclusivo a uma tecnologia altamente dedicada a aplicações comerciais diretas no setor do retalho”, permitindo uma “abordagem mais ágil e orientada para o mercado”.
Mas não só. “Como entidade separada, a PaperWeight AI tem maior probabilidade de atrair capital de risco e parcerias que se concentrem na inovação impulsionada pela IA no setor do retalho”, considera. “Os investidores tendem a favorecer startups com um claro foco empresarial e potencial de receitas, o que pode ser mais difícil de garantir se o projeto se mantivesse sob a estrutura mais ampla”, reforça.
Liderado por Yoni Engel, também diretor para o desenvolvimento de negócios da AlmaScience, o spin-off visa oferecer aos retalhistas uma solução, a custos mais baixos, para a gestão de stocks ou de perdas de produtos por roubo, dano ou erro, por exemplo.
“Os retalhistas enfrentam desafios persistentes na aferição, em tempo real, de níveis precisos de stock e na gestão do shrinkage (perda de produto devido a roubo, dano ou erro). Estas ineficiências levam à perda de receitas, clientes frustrados devido a produtos fora de stock, e a elevados custos operacionais decorrentes dos processos manuais de verificação de stocks. Além disso, o shrinkage, muitas vezes causado por roubos, impacta significativamente as margens de lucro”, diz Carlos Jorge Silva.
Como entidade separada, a PaperWeight AI tem maior probabilidade de atrair capital de risco e parcerias que se concentrem na inovação impulsionada pela IA no setor do retalho. Os investidores tendem a favorecer startups com um claro foco empresarial e potencial de receitas, o que pode ser mais difícil de garantir se o projeto se mantivesse sob a estrutura mais ampla.
“As soluções atuais de gestão de stocks no retalho, como câmaras e sensores de carga, são caras de instalar e manter. Para a sua instalação, exigem tempos de inatividade prolongados da loja, processos de calibração demorados e acarretam elevados custos operacionais. Estes sistemas, muitas vezes, não estão adaptados ao ambiente frenético do retalho devido à sua complexidade e estrutura de custos”, considera.
“Os retalhistas têm dificuldade em encontrar soluções escaláveis e acessíveis que possam lidar com a gestão de stocks, o shrinkage e a eficiência operacional sem interrupções significativas ou despesas gerais elevadas”, conclui.
A solução da PaperWeight AI promete uma resposta a este desafio. “Ao contrário dos sistemas tradicionais, utiliza sensores baseados em papel, baratos, fáceis de instalar e altamente eficazes. Para lá dos sensores, o sistema integra algoritmos de IA para detetar peso, pressão e toque em tempo real. Isto fornece aos retalhistas dados imediatos sobre os níveis de stock, deteção de roubo e inconformidades aos planogramas, sem a necessidade de câmaras ou sensores de carga dispendiosos”, descreve Carlos Jorge Silva.
“Baixo custo e facilidade de instalação” — a solução pode ser adaptada “às prateleiras existentes em poucos minutos”, sem tempo de inatividade ou processos de calibração extensos, e os sensores baseados em papel são “acessíveis” e “escaláveis para pequenos e grandes retalhistas” — são dois dos benefícios do PaperWeight AI apontados pelo responsável. Além do mais, a solução permite uma monitorização do stock em tempo real; e o facto de os sensores serem baseados em papel faz com que tenham custos operacionais baixos e sejam um produto sustentável até ao fim da sua vida útil, destaca.
Sistema já a ser testado
O retalho é o setor alvo da empresa, onde, apesar de não adiantar valores de volume de negócios, a empresa antecipa uma “oportunidade enorme”. “Estima-se que o mercado da transformação digital na indústria do retalho cresça até aos 2,05 mil milhões de dólares até 2029, com uma taxa de crescimento anual composto de 19,30% entre 2024-2029”, aponta.
E já está a ser testado. “O sistema já está em fase de testes com um dos maiores retalhistas em Portugal e estamos atualmente em negociações com um canal nos EUA para iniciar testes com alguns grandes retalhistas para a aplicação de prevenção de shrinkage. Outros projetos-piloto comerciais são esperados para o início de 2025″, revela.
“A empresa deverá criar, pelo menos, 20 postos de trabalho altamente qualificados nos próximos dois anos”, diz ainda o diretor da AlmaScience, acionista maioritária da PaperWeight AI, integrando a administração através do seu Presidente e CEO.
O sistema (da PaperWeight AI) já está em fase de testes com um dos maiores retalhistas em Portugal e estamos atualmente em negociações com um canal nos EUA para iniciar testes com alguns grandes retalhistas para a aplicação de prevenção de shrinkage. Outros projetos-piloto comerciais são esperados para o início de 2025.
As duas entidades irão manter sinergias. Espera-se que a “PaperWeigth AI seja um canal privilegiado para a chegada ao mercado de novas soluções desenvolvidas pela AlmaScience, quer no eixo PaperWeight Digital, quer, por exemplo, no eixo das soluções de RFID sem chip (PaperRF)”, diz Carlos Jorge Silva.
“Esta relação poderá assim materializar-se no licenciamento de novas tecnologias, na prestação de serviços de I&D à PW.AI, bem como na cocriação de novas soluções, por exemplo, através de projetos colaborativos”, continua.
O retorno que depois “será depois direcionado para a criação de mais empregos de investigação altamente qualificados e a novos produtos de investigação que poderão, por sua vez, dar lugar a novos spin-offs, criando um círculo virtuoso entre a investigação aplicada em tecnologias sustentáveis e o desenvolvimento económico nacional”, aponta o responsável.
A AlmaScience é um laboratório colaborativo (CoLAB) que se dedica a atividades de investigação e desenvolvimento, e uma incubadora de tecnologia focado na inovação sustentável em materiais funcionais e eletrónica verde, contando com uma equipa de mais de 30 investigadores em áreas como a eletrónica, tecnologias do papel e impressão, biologia, química e ciência dos materiais.
A AlmaScience está envolvida em vários projetos nacionais e internacionais, entre os quais a PaperWeight AI, SmartPack, ou PapeRF, e desde a sua génese já acumulou 12 pedidos de patente e marcas registadas nas suas áreas de foco.
Enquanto CoLab, é financiada pelo PRR na sua componente Missão Interface e apoiada pela Agência Portuguesa de Inovação (ANI), e tem como associados a Imprensa Nacional Casa da Moeda, a The Navigator Company, a Clara Saúde, a Firmo, a Nova de Lisboa, a NOVA.ID.FCT, a Fraunhofer Portugal, o Instituto de Investigação da Floresta e Papel (RAIZ) e o Município de Almada.
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