Impacto das mudanças climáticas no setor dos seguros

  • Nuno Soares
  • 29 Outubro 2024

Nuno Soares, Managing partner da We Seguros, sintetiza como o setor segurador está a adaptar prémios, tecnologias de prevenção e gestão de risco para responder às alterações no clima.

As mudanças climáticas criam impactos significativos no setor dos seguros, afetando tanto nas coberturas como nos custos associados a diferentes tipos de proteção.

Destaco cinco principais pontos de intersecção entre as mudanças climáticas e o setor de seguros:

1. Aumento dos riscos naturais e impacto nos prémios de seguro

  • A maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como furacões, tempestades, inundações e incêndios florestais, têm aumentado os riscos de sinistros (ocorrências que resultam em perdas para os segurados).
  • Em resposta a estes riscos elevados, as seguradoras têm reajustado os prémios de seguro (os valores cobrados dos segurados). Em regiões mais vulneráveis, esses prémios podem ser significativamente mais altos, refletindo o risco potencial.

2. Mudanças nos produtos e condições de cobertura

  • Diante dos novos padrões climáticos, as seguradoras estão a desenvolver produtos específicos para riscos climáticos. Estes cobrem eventos específicos que são definidos em contrato (por exemplo, uma enchente de determinada intensidade).
  • Além disso, algumas seguradoras estão a redefinir condições de cobertura, limitando a exposição a áreas de alto risco ou excluindo certos eventos naturais das apólices gerais. Isso pode afetar tanto o seguro residencial quanto o agrícola e até mesmo o seguro para empresas.

3. Impacto nas reservas financeiras das seguradoras

  • A necessidade de cobertura dos danos causados por eventos climáticos mais severos exige que as seguradoras mantenham reservas financeiras maiores, o que pode pressionar a margem de lucro.
  • Como forma de mitigação, algumas seguradoras fazem uso de resseguros (um seguro para seguradoras) e diversificação geográfica para reduzir a exposição a um único tipo de risco climático.

4. Adoção de práticas de sustentabilidade e incentivos para segurados

  • Em busca de reduzir riscos e de atrair clientes conscientes do impacto climático, algumas seguradoras oferecem incentivos para segurados que adotem práticas sustentáveis, como instalação de painéis solares, sistemas de captação de água de chuva e construções mais resilientes.
  • Há também seguros voltados para práticas agrícolas sustentáveis que ajudam a mitigar os efeitos climáticos, tanto para preservar a produtividade quanto para reduzir as chances de sinistro.

5. Utilização de dados e tecnologias avançadas

  • O setor de seguros tem adotado novas tecnologias para modelar e prever riscos relacionados ao clima. O uso de BigData, inteligência artificial e sensor remoto permite às seguradoras mapear de forma mais eficaz as áreas de risco, definir o preço dos seguros com mais precisão e gerar avisos antecipados.
  • Essas tecnologias podem melhorar tanto a gestão de riscos como a adaptação dos produtos às necessidades da mitigação de danos, beneficiando seguradoras e segurados.

Conclusão

A interação entre as mudanças climáticas e o setor de seguros é complexa e desafiadora. O aumento dos riscos devido aos eventos climáticos está a forçar as seguradoras a se adaptarem, seja através de novos produtos, ajustando prémios, investindo em tecnologias de prevenção e gestão de risco, ou adotando práticas sustentáveis.

 

  • Nuno Soares
  • Managing partner da We Seguros

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