DEI: da teoria à pratica

  • Cláudia Ribeiro
  • 6 Novembro 2024

A promoção da DEI no ensino superior prepara os estudantes para um mercado de trabalho e uma sociedade mais justos e prósperos. Fomenta ainda um ambiente de aprendizagem inclusivo.

As políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) são estratégias e práticas implementadas por organizações para promover ambientes de trabalho ou de estudo onde todas as pessoas, independentemente das suas diferenças, se sintam valorizadas e respeitadas.

Estas políticas têm como objetivos:

  1. Garantir a representação de diferentes grupos sociais, culturais e demográficos (Diversidade);
  2. Assegurar que todos tenham acesso às mesmas oportunidades, ajustando práticas para eliminar barreiras e desigualdades (Equidade);
  3. E criar um ambiente onde todas as pessoas se sintam bem-vindas, apoiadas e capacitadas para contribuir plenamente (Inclusão).

Estas políticas são essenciais para fomentar um ambiente mais justo e constituem um passo fundamental na luta contra a desigualdade e discriminação. São, por isso, uma questão de justiça elementar, tal como expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que no seu Artigo 2.º estipula: “ninguém será discriminado no exercício dos direitos (…) com base na raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outro estatuto”.

Mas, para além da questão da justiça, é importante reconhecer que a desigualdade representa uma ameaça ao desenvolvimento social e económico a longo prazo, compromete a coesão social, dificulta a redução da pobreza e cria disparidades nas oportunidades e nos resultados, bloqueando o caminho para uma maior eficiência económica.

Deste modo, a adoção de políticas DEI é crucial tanto para instituições de ensino superior como para empresas e outras organizações, uma vez que promovem:

  • Maior criatividade e inovação: Uma força de trabalho diversificada reúne uma variedade de perspetivas e experiências, o que pode resultar em soluções mais criativas e ideias inovadoras. A colaboração entre pessoas de diferentes origens permite abordar problemas de forma diversa, promovendo uma cultura de criatividade.
  • Atração e retenção de talento: As organizações que priorizam a DEI são mais atrativas para um leque mais amplo de talentos. Os colaboradores procuram cada vez mais locais de trabalho que valorizem a diversidade e a inclusão. Além disso, ambientes diversos e inclusivos ajudam a reter talentos, pois fazem com que os colaboradores se sintam valorizados e respeitados.
  • Maior envolvimento dos colaboradores: Quando os colaboradores se sentem incluídos e sabem que as suas contribuições são valorizadas, o seu envolvimento e compromisso com a organização aumentam. Isso traduz-se em maior produtividade e satisfação no trabalho. Ambientes inclusivos tendem também a apresentar menores taxas de rotatividade.
  • Melhor tomada de decisões: Equipas diversas tomam melhores decisões, pois consideram uma gama mais ampla de perspetivas e potenciais impactos. Este processo resulta em decisões mais informadas e completas, melhorando o desempenho global da organização.
  • Conformidade e gestão de riscos: A adoção de práticas de DEI pode ajudar as organizações a cumprir requisitos legais e regulamentares relacionados com discriminação e igualdade de oportunidades, garantindo uma operação ética e responsável.

Ao integrar a DEI nos seus valores e operações centrais, tanto as instituições de ensino superior como as empresas conseguem criar ambientes mais dinâmicos, inovadores e bem-sucedidos. A promoção da DEI no ensino superior prepara os estudantes para um mercado de trabalho e uma sociedade mais justos e prósperos. Fomenta ainda um ambiente de aprendizagem inclusivo, onde todos os estudantes têm a oportunidade de prosperar, algo essencial para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

É neste espírito que a FEP implementou o programa “Uma Comunidade, Múltiplas Vozes”, que enquadra diversas iniciativas ao longo do ano letivo, em linha com a estratégia de sustentabilidade definida pelo seu Comité de Sustentabilidade. Porque são as pessoas que constroem as organizações – o verdadeiro progresso acontece quando a DEI deixa de ser um conceito e passa a ser uma prática real e transformadora.

  • Cláudia Ribeiro
  • Professora auxiliar, membro do conselho executivo e presidente do Comité da Sustentabilidade da FEP

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