SAD do FC Porto com prejuízos de 21 milhões na última época de Pinto da Costa
Portistas melhoraram situação líquida, mas continuam em falência técnica, com capitais próprios negativos de 113,7 milhões. Já receberam 50 milhões da Ithaka da venda de 30% dos direitos do estádio.
A SAD do FC Porto fechou a temporada passada com prejuízos de 21 milhões de euros, metade do resultado negativo que tinha obtido na época anterior (44 milhões de euros).
A sociedade portista dá conta de uma melhoria da sua situação líquida, mas ainda se encontra em falência técnica, com os capitais próprios negativos de 113,7 milhões de euros.
Para esta evolução contribuiu a valorização do Estádio do Dragão, mas não tanto como a SAD chegou a calcular. Numa primeira avaliação, a consultora Crowe chegou ao valor de 279 milhões de euros no final do ano passado.
Mas a CMVM “desafiou” a refazer as contas e a nova avaliação apurou um valor de 213 milhões de euros para o estádio, que se encontra refletido nas contas de junho, nomeadamente no ativo de 407 milhões de euros. Já o passivo atingiu os 520 milhões de euros, baixando ligeiramente face aos 532 milhões da temporada anterior.
O conselho de administração da SAD do FC Porto afirma que “é realisticamente previsível a melhoria dos resultados económicos e financeiros nos próximos exercícios, o que possibilitará o equilíbrio patrimonial da sociedade”.
A braços com uma crise financeira, André Villas-Boas, que tomou posse em maio após a presidência de Pinto da Costa durante mais de 40 anos, fala num novo ciclo do clube em que “a sustentabilidade financeira, aliada ao sucesso desportivo, será uma prioridade”.
A SAD dos dragões tem vindo a negociar a reestruturação da sua dívida juntamente com o Morgan Stanley. Parte desse plano passou pela venda de 30% dos direitos comerciais relacionados com o Estádio do Dragão à Ithaka por um valor que pode chegar aos 100 milhões de euros (sendo que 35 milhões dependem da evolução do negócio).
Os portistas indicam que já receberam 50 milhões de euros da Ithaka, o que ajudou a aliviar a pressão de tesouraria. O FC Porto segue na segunda posição da Liga Portugal, somando 24 pontos ao fim de nove jornadas.
Propostas para aprovar na próxima assembleia-geral
No seguimento da publicação das contas da operação, a SAD azul e branca enviou também um comunicado para a CMVM com as propostas a apresentar na Assembleia Geral agendada para 22 de novembro de 2024.
Entre os pontos mais relevantes, destaca-se a proposta de aplicação de resultados, que visa transferir o resultado líquido negativo do exercício 2023/2024 para Resultados Transitados.
O comunicado revela também que a situação financeira da SAD continua preocupante, com o capital próprio individual a 30 de junho de 2024 a superar os 230 milhões de euros negativos face a um capital social de 112,5 milhões de euros
A administração de Villa-Boas propõe um modelo de remuneração que inclui uma componente fixa e uma variável para os administradores executivos. No entanto, os membros executivos do conselho de administração pretendem abdicar da remuneração variável no quadriénio 2024-27.
Esta situação coloca a sociedade liderada por Villas-Boas numa posição de perda de mais de metade do capital social. No entanto, o conselho de administração afirma que “é realisticamente previsível a melhoria dos resultados económicos e financeiros nos próximos exercícios, o que possibilitará o equilíbrio patrimonial da sociedade”.
Relativamente à política de remuneração dos órgãos sociais, o documento propõe um modelo que inclui uma componente fixa e uma variável para os administradores executivos.
A remuneração variável está limitada a “um máximo de sessenta por cento (60%) em relação à remuneração fixa”, sendo composta por uma componente anual e uma plurianual, lê-se no documento. No entanto, é de notar que “os membros executivos do Conselho de Administração informaram a ‘Sociedade’ que pretendem abdicar da remuneração variável no quadriénio 2024-27”.
O comunicado da SAD do FC Porto inclui ainda uma proposta para a eleição de um novo membro para o Conselho Consultivo, José Urgel Moura Leite Maia, até ao final do quadriénio 2024/2027. Esta proposta é justificada pela “mais valia que seria para o Conselho a sua inclusão”, segundo a Direção do Futebol Clube do Porto.
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