Parlamento Europeu confirma Maria Luís Albuquerque como comissária para os Serviços Financeiros
Parlamento Europeu aprovou audição da ex-ministra das Finanças. Maria Luís Albuquerque será a próxima comissária para os Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos.
O Parlamento Europeu deu ‘luz verde’ a Maria Luís Albuquerque como a próxima comissária para os Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos. A confirmação foi anunciada esta quarta-feira, após a audição da ex-ministra das Finanças, na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON).
Maria Luís Albuquerque recebeu mais de dois terços dos votos necessários para aprovação, 51 dos 58 votos. Todos os grupos políticos votaram a favor com exceção dos eurodeputados da Esquerda Europeia (da qual faz parte Bloco de Esquerda e PCP) e a extrema-direita dos Soberanistas (ESN). Em sentido contrário, a antiga governante reuniu o apoio de vários partidos, desde os Verdes, o S&D (a que pertence o PS) e os Patriotas Pela Europa (a que pertence o Chega).
Embora tenha sido já confirmada para o cargo, Maria Luís Albuquerque ainda não entrará em funções. Até dia 12 de novembro irão decorrer audições dos restantes candidatos a comissários europeus e só no final o novo colégio será votado em bloco pelo Parlamento Europeu. A votação pelos eurodeputados do colégio completo de comissários (por maioria dos votos expressos, por votação nominal) está prevista para a sessão plenária de 25-28 de novembro, em Estrasburgo.
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Maria Luís respondeu com “preparação e humildade”, diz Lídia Pereira
A vice-presidente da bancada do Partido Popular Europeu (EPP) não se mostrou surpreendida com a prestação de Maria Luís Albuquerque na audição no Parlamento Europeu. Aos olhos de Lídia Pereira, era evidente que a nova comissária seria aprovada.
“Foi uma audição que esperávamos correr bem. Maria Luís mostrou competência e preparação e respondeu com humildade. A experiência é o ativo de Maria Luís“, afirmou em declarações aos jornalistas.
Francisco Assis sai esclarecido: “Foi um boa audição”
Depois de alguma hesitação em relação ao nome de Maria Luís Albuquerque, os socialistas votaram todos no mesmo sentido: a favor. “Foi uma boa audição”, afirmou Francisco Assis em declaração aos jornalistas, no Parlamento Europeu, garantido ter ficado esclarecido com as respostas prestadas pela futura comissária.
Segundo o eurodeputado, Maria Luís Albuquerque demonstrou um “grande compromisso no que diz respeito ao sistema de regulação e supervisão dos mercados financeiros“, uma política que, diz, permitirá proteger cidadãos, contribuintes e empresas.
Francisco Assis, que começou a sua intervenção na audição de Maria Luís Albuquerque por reconhecer as divergências que tem com a ex-ministra das Finanças, considera que esse elemento faz parte da democracia. “Somos adversários políticos e faço parte de uma família política diferente, tivemos muitas disputas no passado mas estamos noutro tempo e noutro lugar. A Europa está numa fase decisiva”.
“A democracia vive do confronto e do consenso”, sublinhou, garantindo que a intervenção dos socialistas não teve como foco “ajuizar o passado” da ex-ministra.
Tânger-Corrêa critica falta de transparência
Embora os Patriotas pela Europa (do qual o Chega faz parte) tivessem votado a favor, António Tânger-Corrêa mantém as críticas em relação a Maria Luís Albuquerque, dizendo que a nova comissária nunca poderá ser totalmente “transparente” uma vez que o seu grupo político “está ligado à von der Leyen, que não é uma pessoa transparente”.
Ainda assim, considera que a ex-governante “aguentou-se” e que a qualidade técnica mantém-se. “Já vi audições muito piores”, acrescentou em declarações aos jornalistas.
Liberais elogiam “segurança” e calma” de Maria Luís
João Cotrim de Figueiredo deixou um leque de elogios à comissária portuguesa, considerando que a audição foi “segura” e que esteve “calma”. “Teve controlo absoluto do tempo de resposta, mostrou conhecimento das matérias. Está acima da média dos comissários“, apontou o cabeça de lista da Iniciativa Liberal.
Porém, deixou críticas ao processo de nomeação dos comissários, argumentando que o estilo adotado – cada Estado-membro nomeia um candidato, sem que a pasta lhe seja atribuída – “não favorece as pessoas mais competentes”. Aos olhos de Cotrim Figueiredo, o sistema de audições “não favorece ninguém” e deve ser “profundamente alterado”.
O eurodeputado aproveitou ainda o momento para comentar a intervenção de Catarina Martins, considerando-a “deselegante” e “demagoga”. A eurodeputada do Bloco Esquerda apontou dedos às “portas giratórias” de Maria Luís Albuquerque, tendo questionado ainda a futura comissária para que banco pretende ir depois de terminar o seu mandato, em 2029.
João Cotrim Figueiredo disse-se “chocado” com a interpelação de Catarina Martins, com o “uso da demagogia e da mentira para o combate político”, e também o recurso pelo BE “ao populismo que tanto dizem querer combater”.
Setor financeiro “tem lobista na Comissão”, diz Catarina Martins
Catarina Martins desvaloriza as críticas, argumentando que mais importante do que saber “para onde vai a seguir” é perceber “de onde vem”. “É importante ter capacidade de fazer política”, disse a representante do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu.
“Temos alguém que vem do sistema financeiro diretamente para Comissão Europeia. É o grande sonho do mercado financeiro. Têm a lobista na Comissão Europeia”, acusa a eurodeputada do Bloco de Esquerda, anunciando que o grupo político do qual faz parte (A Esquerda Europeia) foi o único que escreveu objeções no relatório final sobre a audição de Maria Luís Albuquerque.
“Há um limite para quem vem trabalhar diretamente de um dos maiores grupos financeiros e depois escreve regras para esses mesmos grupos”, explicou em declarações aos jornalistas, reiterando que “o conflito de interesses é com todo o portefólio” que lhe foi atribuído.
Políticas da Comissão “não servem interesses dos portugueses”
O PCP também foi dos eurodeputados que fez críticas a Maria Luís Albuquerque, considerando que as políticas da Comissão Europeia para os próximos cinco anos “não servem os interesses dos europeus e dos portugueses”.
Recordando o “escândalo do BES”, João Oliveira diz que o caso “ilustra bem” as criticas que faz relativamente à forma como as políticas do executivo comunitário favorecem “a concentração de poderes” dos maiores grupos económicos em detrimento da política nacional.
“Ter Maria Luís Albuquerque com esta pasta é um trunfo”, diz CDS
Ana Miguel Pedro diz ter ficado “muito satisfeita com a audição”, enaltecendo a experiência política, técnica e académica da comissária indigitada, sobretudo na altura “delicada” em que exerceu funções enquanto Ministra das Finanças.
“Tem uma pasta extremamente importante para o futuro da União Europeia que engloba a união de mercado de capitais e a união bancária”, dois aspetos que a eurodeputada do CDS considera ser fundamentais para o futuro do bloco e da competitividade face aos mercados externos. “Ter Maria Luís Albuquerque com esta pasta é um trunfo”, respondeu.
A jornalista viajou para Bruxelas a convite do Parlamento Europeu.
Notícia atualizada pela última vez às 15h21
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