Trabalhar à distância não significa estar distante
Se a promoção da colaboração estiver alinhada com a priorização do bem-estar das pessoas, as empresas conseguirão compreender que trabalhar à distância não significa estar distante.
A transformação digital, impulsionada pela pandemia, tem vindo a motivar as empresas a adaptar as suas estratégias de atração e retenção de talento, de forma a irem ao encontro das necessidades dos profissionais, que hoje procuram empresas comprometidas com o seu bem-estar e desenvolvimento, que ofereçam um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, através de modelos de trabalho flexíveis.
Contudo, na tentativa de assegurar uma melhor gestão do talento, cada vez mais empresas estão a regressar a um modelo de trabalho 100% presencial, já que vários líderes consideram que só presencialmente se promove a colaboração, o trabalho em equipa e a fomentação da cultura organizacional. Mas quais as implicações desta estratégia? E que impacto tem, realmente, na produtividade, sentimento de pertença e retenção das pessoas na empresa?
Assegurar uma cultura colaborativa deve ser uma prioridade para as empresas, já que, segundo o estudo “What Workers Want”, atualmente 79% dos trabalhadores procuram uma equipa em quem possam confiar, fator-chave para que profissionais e empresas consigam ser mais produtivos.
Contudo, esta colaboração é possível também à distância, ao contrário de algumas crenças, e as empresas devem compreender que, ao forçarem os colaboradores a um regresso full-time ao escritório, poderão arriscar-se a perder os seus melhores profissionais – de acordo com o mesmo estudo, mais de 60% das pessoas ponderariam procurar um novo emprego se fossem obrigadas a regressar ao escritório a tempo inteiro.
Neste contexto, a implementação de um modelo de trabalho híbrido ou remoto não surge apenas de uma necessidade das gerações mais novas, mas sim da importância de garantir uma maior diversidade no mundo do trabalho.
Na verdade, de acordo com um estudo do ManpowerGroup, mais de 35% dos empregadores consideram que as políticas de trabalho flexível foram as mais eficazes para garantir a diversidade de talento. Esta diversidade inclui mulheres, por exemplo, especialmente as mães mas também os cuidadores informais, que, através de um modelo flexível, podem conciliar de melhor maneira as suas responsabilidades pessoais e profissionais; também pessoas neurodivergentes, que com flexibilidade horária podem organizar os seus dias de trabalho de acordo com as suas necessidades específicas; ou ainda pessoas que, por quaisquer necessidades ou motivos pessoais, não conseguem ou podem ir ao escritório.
Face a este cenário, para que as empresas consigam assegurar um ambiente colaborativo ao mesmo tempo que garantem flexibilidade, diversidade e inclusão no trabalho, existem algumas estratégias que podem desenvolver.
Em primeiro lugar, é necessário compreender que é efetivamente possível promover uma cultura de colaboração digital. Certas plataformas de gestão de projetos e de tarefas permitem conversar e discutir ideias em tempo real, independentemente do local. Ao incentivar a participação e o contributo de todos de forma aberta, a equipa estará sempre alinhada. Além disso, através de documentos online que possam ser atualizados por várias pessoas ao mesmo tempo, cada pessoa pode contribuir quando lhe for conveniente, facilitando a colaboração.
Para reunir e discutir ideias de forma espontânea à distância, os líderes devem identificar horários em que todos os membros da equipa estão disponíveis online, de acordo com as disponibilidades, para que cada pessoa organize da melhor forma o seu tempo. Certas reuniões podem servir até como pontos de situação, para que a equipa fique a par das novidades, fomentando as relações sem implicar a ida ao escritório. Estas são estratégias já implementadas em equipas multinacionais, que trabalham até em diferentes fusos horários, e que têm demonstrado promover a produtividade e colaboração.
Numa cultura flexível, os momentos de encontro presencial devem servir para ultrapassar barreiras e aprofundar as conexões e relações humanas. Estes momentos de equipa devem ser agendados estrategicamente, com a devida antecedência, fomentando o team building e proporcionando iniciativas que juntem as equipas. Assim, estas dinâmicas terão um maior valor e os colaboradores poderão estar mais comprometidos.
É fundamental implementar uma cultura de trabalho diversa e inclusiva, que permita responder às necessidades das pessoas e das empresas. Os líderes devem ser capazes de pensar de forma estratégica, ouvindo as necessidades das equipas e delineando soluções benéficas para todos. Se a promoção da colaboração estiver alinhada com a priorização do bem-estar das pessoas, as empresas conseguirão compreender que trabalhar à distância não significa estar distante.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Trabalhar à distância não significa estar distante
{{ noCommentsLabel }}