Maersk Denve garante legalidade do navio em Lisboa. Marcelo está “mais descansado”
O grupo dinamarquês Maersk Denver assegurou que a carga do navio que atracou em Lisboa é legal e não inclui armas ou munições militares. Marcelo afirma-se "mais descansado" com informações do Governo.
O grupo dinamarquês Maersk Denver assegurou que a carga do navio que atracou em Lisboa e que alegadamente tem um histórico de transporte de armas para Israel é legal e não inclui armas ou munições miliares.
“A carga em questão está em total conformidade com as leis e regulamentos nacionais e internacionais. A carga a ser transbordada não inclui nenhuma arma ou munição militar“, assegurou a Maersk Denver, numa nota enviada à Lusa. O navio em causa atracou, no sábado, em Lisboa, depois de ter sido impedido de acostar em Espanha. O grupo esclareceu ainda que a carga está a ser transportada em nome dos EUA, no âmbito do programa de cooperação de segurança EUA-Israel.
A Maersk disse ter fornecido todas as informações necessárias “com bastante antecedência”, cumprindo o procedimento estabelecido, não tendo recebido, até então, qualquer manifestação de preocupação por parte das autoridades. “[…] As autoridades portuárias não utilizaram a oportunidade de inspecionar a carga, que permanece disponível para inspeção a qualquer momento“, sublinhou.
Por outro lado, a Maersk Denve disse ter consultado as autoridades espanholas para saber porque é que a entrada do navio naquele país foi negada, tendo em conta que a carga não é diferente de outras remessas transbordadas no porto.
No sábado à noite, dezenas de pessoas manifestaram-se contra a atracagem, em Lisboa, de um navio que, segundo o líder parlamentar do Bloco de esquerda, Favian Figueiredo, tem estado “na rota do genocídio” em Gaza e tem sido “central no armamento de Israel”.
A denúncia partiu da campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel, que indica que o navio fez, nos últimos meses, centenas de transportes ilegais de armas para Israel, através do porto espanhol de Algeciras.
Marcelo “mais descansado” com informações do Governo
O Presidente da República, por seu lado, manifestou-se “mais descansado” em relação às informações dadas pelo Governo sobre o navio que alegadamente tem um histórico de transporte de armas para Israel e que atracou em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas em Vila Viçosa, no distrito de Évora, explicou falou ao telefone esta tarde com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que lhe garantiu que na sequência de uma pesquisa ao navio não foi encontrado qualquer pormenor relacionado com armamento. “O que se passa [segundo informações de Paulo Rangel ao PR] é que foi pesquisado tudo em pormenor e não se encontrou nada relacionado com armamento naquilo que foi descarregado em Lisboa, não houve carregamento em Lisboa”, disse. “Há sim algum trânsito, mas é para os Estados Unidos, não é para Israel e, naquilo que foi descarregado não havia traço de arma, nem houve carregamento de arma”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que Paulo Rangel explicou que o mesmo navio “parou em vários portos” de Espanha e Marrocos, países cuja posição “é muito conhecida” relativamente ao que se passa em termos de conflitos internacionais. “Não há, daquilo que puderam detetar, nenhuma prova, nenhum elemento, nenhum dado quanto a este navio, neste momento, relativamente ao transporte de material militar, portanto, armamento”, disse.
O chefe de Estado, que falava no final das celebrações do dia do Estado Maior General das Forças Armadas e do seu patrono, manifestou-se por isso “mais descansado” em relação a este tema. “Mais descansado, obviamente, pois essa é a preocupação, para o Governo ter passado tudo isso a pente fino durante estes dias, acho que fez o que devia fazer”, defendeu.
O Presidente da República recordou ainda que, em relação a esta matéria, “é possível” a Portugal controlar aquilo que passa por Portugal, mas não é possível saber “se há um ano, há dois anos, há ano e meio, há três anos, quatro anos” o navio fez ou não outro tipo de transporte.
“Sabe-se que ele para cá carregou o que não era armamento e foi isso que o Governo me explicou, agora o que vai fazer daqui a três dias, a dez dias, a um ano, dois anos, três anos no âmbito da atividade da empresa, isso Portugal na altura devida, se encontrar razões para estar preocupado e considerar que é censurável, pode então tomar medidas, neste momento o que me foi dito é que não havia justificação para tomar”, acrescentou.
Em comunicado enviado às redações no sábado, o Governo português justificou a autorização dada para a acostagem do navio com o facto de não transportar “qualquer carga militar, armamento ou explosivos” e descreve detalhadamente a carga, em que se incluem “três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA”.
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