Eurodeputados adiam decisão sobre comissário da Hungria para depois das audições dos vice-presidentes
Decisão sobre Várhelyi poderá estar a ser usado como moeda de troca entre os grupos políticos. Eurodeputados só se pronunciam depois das audições dos vice-presidentes da Comissão Europeia.
O Parlamento Europeu vai aguardar até depois das audições dos vice-presidentes executivos para a Comissão Europeia para se pronunciar sobre a audição do comissário indigitado húngaro. Depois de uma audição pouco convincente, na semana passada, Olivér Várhelyi, apontado para Comissário da Saúde e Bem-Estar Animal, foi chamado a responder a um segundo conjunto de questões até esta segunda-feira, 11 de novembro, estando previsto que os eurodeputados da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI, na sigla em inglês) se decidissem sobre o seu futuro ainda hoje. Mas não é o caso.
Pascal Confin, deputado liberal que integra o ENVI, anunciou na rede social Twitter que a decisão foi adiada. E, ao que o ECO apurou, todos os grupos políticos que integram esta comissão apoiaram a decisão (com exceção da Esquerda Europeia que não apoiou um segundo questionário) estando previsto que se pronunciem na quarta-feira, já depois de concluídas as seis audições dos números dois na próxima Comissão Europeia – Kaja Kallas, Alta Representante para os Assuntos Externos; Raffaelle Fitto, vice-presidente executivo para a Coesão e Reformas; Teresa Ribera, vice-presidente executiva para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva; Henna Virkkunen, vice-presidente executiva para a Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia; Stéphane Séjourné, vice-presidente executivo para a Prosperidade e Estratégia Industrial e Roxana Mînzatu, vice-presidente executivo para as Pessoas, Competências e Preparação serão ouvidos esta terça-feira, no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
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Nenhum dos grupos políticos justificou a decisão de adiar o parecer sobre Várhelyi, uma vez que as respostas ao questionário já foram entregues. Atualmente, o húngaro é o único candidato que aguarda ‘luz verde’ do Parlamento Europeu. Os quatro grupos políticos que pediram um segundo questionário – PPE, S&D, liberais e Verdes – podem ter preferido aguardar pela votação das seis últimas audições antes de se pronunciarem sobre o candidato indigitado para a Saúde e Bem-Estar Animal.
Os seis candidatos que aguardam pelas suas audições fazem parte do grupo do PPE (Henna Virkkunen e Roxana Mînzatu), dos socialistas do S&D (Teresa Ribera); dos liberais do Renovar Europa (Stéphane Séjourné) e dos conservadores do ECR (Raffaelle Fitto).
Várhelyi, por seu turno, além de ser candidato pela Hungria – um Estado-membro em constante conflito com o resto da UE – integra os Patriotas pela Europa (PpE), a terceira maior bancada no Parlamento Europeu.
Sendo um candidato com um historial controverso e membro de um partido de extrema-direita, a sua aprovação não é garantida já que para a sua aprovação é preciso um ‘sim’ de um terço dos eurodeputados da ENVI. Os liberais e os socialistas mostraram-se reticentes depois da primeira audição de Várhelyi , tendo fontes dos dois grupos dito ao Politico que seria “impossível” apoiar um candidato do partido húngaro Fidesz. E uma vez que o PpE é o terceiro maior grupo político em Estrasburgo, e portanto também das comissões, a ENVI prefere colocar o ónus sobre o candidato húngaro sobre as audições que se seguem.
Anders Vistisen, eurodeputado dinamarquês e líder dos Patriotas, considerou ao Politico a jogada como “inaceitável”.
“Isto só mostra a impotência dos liberais, dos socialistas e dos verdes. Não têm qualquer outro poder real no Parlamento para além do que o PPE lhes quer conceder. A única responsabilidade pela direção errada que a Europa está a tomar recai agora sobre os ombros do PPE – eles têm um Parlamento conservador mas recusam-se a usá-lo”, cita o jornal as declarações do eurodeputado.
O adiamento da nomeação de Várhelyi significa que o seu destino pode ser usado como moeda de troca entre os grupos políticos. Na semana passada, a decisão sobre a candidata liberal belga Hadja Lahbib também ficou refém da decisão sobre a social-democrata Jessika Roswall. No final, a luz verde para Lahbib e Roswall fez parte de um acordo entre o PPE, os liberais e os socialistas.
Até ao momento, já foram aprovados 16 comissários, uma delas, Maria Luís Albuquerque, estando prevista a votação da nova Comissão Europeia para o dia 27 de novembro. O novo executivo comunitário tomará posse a 1 de dezembro.
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