Exclusivo Governo muda presidente do instituto de gestão da dívida pública
Governo não vai reconduzir Miguel Martín para um novo mandato no IGCP. A agência de gestão da dívida pública vai ser liderada por Pedro Cabeços, gestor com experiência internacional de mercados.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, decidiu mudar a liderança do IGCP, a agência de gestão da dívida pública, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem o processo. Assim, Miguel Martin termina o seu mandato no final deste ano e vai ser substituído por Pedro Cabeços, um gestor de mercados que trabalhou em bancos internacionais como o Morgan Stanley e, nos últimos sete anos e até ao final de 2023, no Royal Bank of Scotland.
Pedro Cabeços, licenciado em Economia no ISEG e com MSc em Risk Management no ICMA Centre da Universidade de Reading (Reino Unido), vai assim regressar a uma casa que conhece bem. Entre 2000 e 2004 foi trader da sala de mercados do IGCP. E tem experiência internacional de gestão de mercados. Depois de ter trabalhado na Société Generale, passou para o Morgan Stanley, responsável pela área de negócio de ‘flow’ de taxa de juro com responsabilidade pela Península Ibérica. Posteriormente, de 2016 até ao final do ano passado, Pedro Cabeços trabalho no Royal Bank of Scotland, com responsabilidade pelo negócio de ‘fixed income’, também no mercado ibérico.
Pedro Cabeços vai substituir assim Miguel Martín, que foi uma escolha surpreendente do anterior ministro Fernando Medina. Miguel Martin estava, à data, na concessionária de autoestradas Ascendi, e tinha sido administrador financeiro da Águas de Portugal entre 2016 e 2019, período em que coincidiu com o secretário de Estado socialista João Nuno Mendes quando era presidente daquela empresa pública.
Quando o ECO revelou em primeira mão a escolha do gestor, uma fonte do Governo de António Costa afirmou que Fernando Medina valorizou, na escolha do novo líder do IGCP, a experiência como administrador financeiro e em setores regulados, como a energia, a banca e água. Depois, como o ECO noticiou, a agência de gestão da dívida pública foi ativa na estratégia do Governo para levar a dívida pública para um valor inferior a 100% do PIB, nomeadamente com 17 leilões de obrigações ao longo de 2023.
Talvez antecipando a não recondução de Miguel Martín, Fernando Medina foi particularmente elogioso do trabalho do gestor quando anunciou os números da dívida pública. “Agradecer muito reconhecidamente ao presidente IGCP e nele a toda a equipa do IGCP pelo extraordinário trabalho que tem realizado em prol do nosso país na gestão da dívida pública que nos tem permitido a todos, ao longo dos anos, pagar menos juros, reduzir os encargos e ter maior capacidade de aplicar os recursos a servir os portugueses”, disse o ministro das Finanças.
Ainda assim, Miguel Martín teve um período difícil à frente do IGCP. Foi quando o Governo decidiu mudar as regras de remuneração dos Certificados de Aforro, um produto de poupança vendido no retalho, para investidores particulares. Além da instabilidade e incerteza geradas num produto de poupança de longo prazo, o IGCP foi particularmente criticado pela UTAO. A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) concluiu que seria mais caro para o Estado financiar-se no mercado obrigacionista do que pedir emprestado aos aforradores individuais através dos Certificados de Aforro da série E, onde a taxa de juro era de 3,5%, sem prémios de permanência. Qual foi a resposta de Fernando Medina? “Não é dos momentos mais felizes dessa instituição [UTAO]”, disse o então ministro das Finanças.
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