Venâncio Mondlane prepara estratégia para mais protestos em Moçambique
Oposição alega fraude nas eleições presidenciais e por isso planeia novos protestos e procura apoio internacional. Venâncio Mondlane exige 23 condições para diálogo com presidente Filipe Nyusi.
Moçambique encontra-se num momento de grande tensão política desde 21 de outubro, após terem sido conhecidos os resultados das últimas eleições presidenciais. Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder há quase 50 anos, foi declarado vencedor com 70,67% do votos, mas a oposição, liderada por Venâncio Mondlane do partido Podemos, contesta os resultados, alegando fraude generalizada.
Esta situação desencadeou uma onda de protestos em várias cidades do país desde então, com milhares de manifestantes a exigirem transparência e respeito pela vontade popular, e ainda sem fim à vista. “Acredito que é possível manter uma mobilização popular por um longo período”, afirma Venâncio Mondlane em entrevista ao jornal Sol, revelando a sua intenção de apostar numa abordagem de protestos prolongados, inspirada em movimentos bem-sucedidos noutros países africanos.
O líder da oposição, que se encontra atualmente fora de Moçambique por razões de segurança, enfatiza a importância crucial da comunicação e da motivação contínua da população para sustentar o movimento. “A única forma de mantermos uma manifestação viva é com uma estratégia, sobretudo ao nível da comunicação e também ao nível motivacional”, explica Venâncio Mondlane.
A estratégia de Venâncio Mondlane e do Podemos assenta fortemente na utilização de redes sociais e outras plataformas para manter o envolvimento dos apoiantes, bem como na implementação de táticas criativas, como o decreto de três dias de luto nacional pelas alegadas vítimas da repressão policial. Paralelamente, o líder da oposição procura intensificar a pressão internacional sobre o governo moçambicano, estabelecendo condições claras para qualquer negociação futura.
Em resposta ao recente convite do Presidente Filipe Nyusi para um diálogo, Venâncio Mondlane planeia apresentar uma lista de 23 condições para um possível acordo, incluindo o reconhecimento da alegada fraude eleitoral, reformas na lei eleitoral e medidas para melhorar a qualidade de vida da população. “Essa carta vai ser enviada também para o Conselho Colegial, para o Tribunal Supremo, para a Procuradoria-Geral da República, para a União Europeia, etc. Porque quero que as minhas condições sejam públicas”, diz.
Este plano de ação demonstra a determinação de Mondlane em manter a pressão sobre o governo moçambicano, combinando protestos internos com apelos à comunidade internacional. O líder da oposição acredita que a situação atual vai além da questão eleitoral, tocando em problemas mais profundos como a pobreza, o desemprego e a insegurança. Enquanto o país aguarda desenvolvimentos, a estratégia de Mondlane parece ser a de continuar a desafiar o status quo, procurando uma transformação significativa no panorama político de Moçambique.
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