Segurança empresarial numa era de incerteza global

  • Luís Teixeira
  • 5 Dezembro 2024

Luís Teixeira, Diretor-Geral Norte da corretora F. REGO alerta as empresas em processo de internacionalização para um programa de proteção e de seguros capaz de se adaptar a cada nova realidade.

As lições dos tempos mais recentes são claras. A prioridade estratégica das empresas deixou de se reduzir a garantir a sobrevivência em tempos de crise, mas pode e deve focar-se, agora e nos próximos anos, em criar as condições necessárias para prosperar num ambiente global permeado recorrentemente pela imprevisibilidade.

Vivemos um período marcado por conflitos geopolíticos persistentes, tensões comerciais exacerbadas, crises climáticas e económicas que, em conjunto, moldam um panorama de incertezas para as empresas que operam ou aspiram expandir-se internacionalmente. Em particular, num momento em que a internacionalização é apontada como uma das principais prioridades estratégicas e, quiçá, o próximo grande passo da economia portuguesa para poder afirmar marcas de alto valor acrescentado nos mercados globais.

Neste contexto, proteger ativos, pessoas e investimentos transcende a mera necessidade operacional. Afirma-se como um imperativo estratégico incontornável. Para organizações que procuram atravessar fronteiras, os programas internacionais de seguros emergem como ferramentas indispensáveis na gestão eficaz de riscos e na garantia de continuidade dos negócios.

Seja para uma multinacional consolidada de grande porte ou para uma empresa que dá os primeiros passos no seu processo de internacionalização, a expansão para mercados externos implica a exposição a um mosaico de cenários regulatórios, políticos, jurídicos e logísticos que variam amplamente de acordo com o país de destino. O mundo pós-globalização deixou de ser um espaço homogéneo, dado que cada mercado traz consigo uma multiplicidade de fatores específicos que podem inviabilizar ou comprometer operações mal preparadas.

Neste ambiente global fragmentado, é relevante combinar centralização estratégica e adaptação local. Num programa internacional, o desenho e a gestão das apólices são realizados de forma centralizada, garantindo alinhamento com a estratégia global da empresa, enquanto as implementações em cada país respeitam as exigências locais. Uma abordagem que simplifica a gestão e proporciona também uma visão integrada dos riscos enfrentados, enquanto assegura consistência na preservação de valor dos ativos.

O papel central destes programas torna-se ainda mais evidente em regiões de alto crescimento. Mercados emergentes oferecem frequentemente grandes oportunidades, acarretando por inerência a sombra de instabilidades, como mudanças abruptas nas políticas económicas, nacionalizações ou restrições à repatriação de capitais. Além disso, a movimentação de colaboradores para ambientes com infraestruturas sanitárias ou de segurança deficitárias amplia em crescendo a necessidade de proteção personalizada.

A mobilidade internacional de talentos é, de facto, um outro pilar da internacionalização com desafios específicos, como a exposição a sistemas de saúde díspares, enquadramentos legais diversos e questões de segurança. Soluções de seguros concebidas para expatriados incluem coberturas de saúde, vida e responsabilidade civil, assegurando proteção abrangente para os colaboradores desempenharem as suas funções de forma plena.

Um outro aspeto particularmente relevante no contexto da exportação é a adequação às responsabilidades jurídicas e contratuais específicas de cada mercado. Jurisdições com sistemas judiciais mais onerosos ou com maior propensão para litígios representam riscos acrescidos.

Uma forte articulação com redes internacionais de corretoras e especialistas permite, assim, que as empresas operem com uma abordagem proativa à gestão de riscos, mesmo em territórios de maior complexidade. Ao avaliar as exigências de compliance, os programas internacionais de seguros corporizam-se como a capacidade das empresas para antecipar desafios e agir com a confiança de que os seus ativos – sejam financeiros, humanos ou materiais – estão devidamente protegidos. Quando conflitos bloqueiam operações em mercados-chave ou catástrofes naturais interrompem cadeias de abastecimento inteiras, sendo ambos fenómenos cada vez menos incomuns, as organizações que dispõem de programas robustos demonstram uma capacidade muito mais alargada de adaptação e recuperação.

Num mundo onde cada decisão errada pode custar milhões, a gestão inteligente dos riscos representa, sem dúvida, a linha que pode separar o fracasso do sucesso no competitivo cenário global contemporâneo.

  • Luís Teixeira
  • Diretor Geral Norte da F. REGO

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