Índice de confiança da Zona Euro cai para mínimos de um ano
Os problemas nas economias da Alemanha e de França afundam confiança dos investidores para a economia europeia, enquanto se assiste a uma tendência contrária nos EUA com a "Trump mania".
O sentimento económico na Zona Euro sofreu um revés significativo em dezembro, com o índice Sentix a registar uma queda acentuada de 20,8% face ao mês anterior, atingindo o valor mais baixo desde novembro de 2023. Segundo o mais recente relatório da instituição alemã Sentix, o índice global de confiança dos investidores para a Zona Euro caiu 4,6 pontos, fixando-se nos -17,5 pontos este mês, de acordo com um inquérito realizado junto de 1.148 investidores entre 5 e 7 de dezembro.
Esta deterioração do sentimento económico reflete-se tanto na avaliação da situação atual como nas expectativas para os próximos meses. O índice de situação atual caiu drasticamente para -28,5 pontos, o nível mais baixo desde novembro de 2022, enquanto as expectativas a seis meses também se agravaram, descendo para -5,8 pontos.
A Alemanha, motor económico da Europa, apresenta dados particularmente preocupantes. A avaliação dos investidores para a situação atual na Alemanha caiu para -50,8 pontos, o nível mais baixo desde junho de 2020, no auge da crise da pandemia Covid-19. “O que significa que a recessão continua omnipresente, especialmente porque as expectativas também caíram 0,8 pontos”, refere Patrick Hussy, diretor-geral da sentix, sublinhando ainda que “após o anúncio de novas eleições para o Bundestag alemão, não há qualquer clima de otimismo”.
A fraqueza da economia alemã continua a ser um fardo para a Zona Euro, agora agravada pela crise política em França. “Os dois maiores países da Zona Euro estão a arrastar a economia da União Europeia”, destaca Patrick Hussy.Em contraste ao ambiente pessimista na Zona Euro surgem os EUA, com os investidores a revelarem uma perspetiva muito mais positiva para a maior economia do mundo.
O índice global de confiança para os EUA subiu pelo quarto mês consecutivo, desta feita com um aumento de 35,8% para 21,6 pontos, o valor mais elevado desde fevereiro de 2022, impulsionado por aumentos semelhantes nas condições atuais e nas expectativas. O relatório descreve esta reação como “Trump mania”, refletindo o otimismo dos investidores face à expectativa de um novo mandato de Donald Trump.
Esta divergência entre a Zona Euro e os EUA poderá ter implicações significativas para as políticas monetárias e para os mercados cambiais. O relatório sugere que “não só as tendências das taxas de juro poderão seguir caminhos diferentes em ambas as regiões, como o par cambial EUR/USD [euro/dólar] também poderá permanecer sob pressão”.
Esta situação coloca também o Banco Central Europeu (BCE) numa posição delicada, potencialmente criando um conflito de objetivos entre o apoio à economia e o controlo da inflação. O primeiro embate destas duas visões será espelhado já esta quinta-feira com a realização da última reunião do Conselho do BCE, em que o mercado antecipa mais um corte das taxas de juro.
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