Crédito às famílias acelera. Habitação leva quase 6 em cada 10 euros

A compra de casa representou 58% do total de crédito concedido às famílias, em maio, indicam dados do Banco de Portugal. Trata-se do nível mais elevado desde julho de 2010.

O novo crédito às famílias não para de aumentar, em Portugal, um movimento que é liderado pela concessão de empréstimos para a compra de casa. Os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal indicam que a habitação já representa perto de 60% das novas operações de empréstimos às famílias. Trata-se da fasquia mais elevada desde o verão de 2010. A melhoria das perspetivas económicas do país, acompanhada pela abertura da torneira do crédito por parte dos bancos espelhada pela descida dos spreads, suporta esta tendência.

Dados divulgados do Banco de Portugal mostram que, em maio, os bancos disponibilizaram um total de 1.265 milhões de euros em crédito às famílias. Desse total, 728 milhões de euros tiveram como destino o financiamento da aquisição de habitação. Trata-se do montante de concessão mais elevado desde dezembro de 2010, mês em que os novos empréstimos para a compra de casa totalizaram 844 milhões de euros.

Para além da nova concessão de crédito à habitação registar níveis recorde, esta finalidade pesa cada vez mais no total de crédito concedido ao segmento dos particulares. Por cada 10 euros emprestados às famílias, em maio, praticamente seis euros tiveram como destino o financiamento da compra de casa. Mais em específico 58% do total do crédito prestado às famílias. É necessário recuar até julho de 2010 para assistir a um peso mais elevado.

Esta aceleração do crédito às famílias acontece num contexto da melhoria da situação económica do país, ilustrada pelo crescimento do PIB e pela quebra do desemprego. Os últimos dados indicam que a taxa de desemprego em Portugal caiu para 9,4%, no mês de maio.

Nos níveis historicamente baixos dos juros na Zona Euro que empurram os bancos a libertar liquidez no mercado estará também grande parte da justificação pela aceleração da concessão de crédito à habitação. Esta necessidade tem justificado uma “guerra” entre os bancos pela oferta dos spreads mais baixos na concessão deste tipo de financiamento. O mais recente episódio desta guerra aconteceu já neste mês de julho, com o BCP a rever em baixa a sua margem mínima de spreads para 1,25%. Este valor iguala a margem em vigor no Santander Totta e no Bankinter, com estes três bancos a oferecerem os spreads mínimos mais baixos do mercado, tendo em conta um universo de 11 bancos.

As restantes finalidade de crédito às famílias também acompanharam o movimento de subida registado na habitação, apesar de num grau menos elevado. Em maio, os bancos a operar em Portugal concederam um total de 359 milhões de euros em crédito ao consumo, registando-se o segundo mês consecutivo de subidas. Os empréstimos com outras finalidades cedidos às famílias também aumentaram, tendo ascendido a 178 milhões de euros, em maio.

Crédito às empresas também cresce

Para o segmento das empresas também foi notório um aumento da nova concessão. Em maio, os bancos disponibilizaram um total de 2.716 milhões de euros em novos empréstimos a esse segmento. Este é o valor mais elevado desde dezembro do ano passado, mês em que este tipo de financiamento tinha ascendido a 2.953 milhões de euros. Uma notícia positiva para um segmento que tem apresentado uma maior resistência em recorrer ao crédito.

Naquele que foi assim um mês bastante positivo em termos de injeção de liquidez na economia foram concedidos um total de quase quatro mil milhões de euros em crédito às famílias e às empresas. Apesar disso, as novas operações de crédito são insuficientes para puxar pelo stock de crédito. Os últimos dados do banco de Portugal, também relativos a maio indicam que o stock de crédito se fixou nesse mês em 190.676 milhões de euros. Trata-se da fasquia mais baixa em mais de dez anos. Seria necessário recuar até fevereiro de 2006 para ver um valor mais elevado.

Também na habitação, o crescimento da nova concessão está a ser insuficiente para repor os níveis do stock. Em maio, o bolo total do crédito com essa finalidade existente em Portugal ascendia a 93.894 milhões de euros. Ou seja, o patamar mais baixo dos últimos dez anos.

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