Desigualdades travam recuperação do bem-estar material para níveis pré-covid
O valor deste índice ainda está aquém do nível pré-pandemia, segundo o INE. A evolução muito contida do património das famílias também contribuiu para o comportamento deste indicador.
Agravamento das desigualdades e a fraca evolução do património das famílias travaram a recuperação do bem-estar económico dos portugueses, do ponto de vista das condições materiais, para níveis pré-pandemia, segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o Índice de Bem-Estar de 2023, divulgado esta segunda-feira. Ainda assim, e de forma global, o índice aumentou e situou-se próximo do verificado em 2019.
“Embora se verifiquem acréscimos nos últimos três anos, o valor deste índice em 2023 situou-se num nível ainda inferior ao de 2019. Salienta-se, no comportamento deste índice, o nível dos indicadores de desigualdade e concentração, os quais assumiram os valores mais elevados no período“, indica o gabinete de estatísticas.
Para além disso, “os dois indicadores relativos ao património das famílias foram, não só os que tiveram a evolução mais contida, como também os que apresentaram durante o período valores mais baixos”, constata o INE.
Assim, e embora o domínio bem-estar económico e os seus respetivos indicadores tenham apresentado uma evolução positiva, atingiram, em 2023, valores que se situam, em média, na proximidade de 30 (numa escala de 0 a 100), o que é revelador da posição de Portugal, no que respeita a este domínio, em relação aos valores mais elevados do conjunto de países que são referência em termos de normalização de indicadores”, salienta o INE.
Do ponto de vista global, o índice de bem-estar, que mede as condições materiais e de qualidade de vida, tem vindo a recuperar e está próximo dos níveis pré-pandemia, mas ainda não recuperou totalmente. O indicador subiu de 45,5 para 46, entre 2022 e 2023, mas sem alcançar os 46,5 registados pelo INE em 2019, ano que antecedeu a crise provocada pela covid-19.
“A estimativa preliminar de 2023 do Índice de Bem-estar (IBE) aponta para uma melhoria relativamente ao ano anterior, mantendo um período de crescimento contínuo do índice a partir de 2012”, salienta o INE. No entanto, nesse ano, marcado pela covid-19, verificou-se um decréscimo de 1,5 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano anterior. O índice evoluiu quase sempre positivamente entre 2004 e 2023, tendo-se reduzido nos períodos de crise económica, de 2007, 2011, 2012 e de crise pandémica, em 2020. Naquele período, o IBE passou de 22,7 para 46, sobretudo graças aos progressos verificados nas condições materiais de vida.
O INE indica que “as duas perspetivas de análise do bem-estar apresentaram comportamentos distintos: o índice de qualidade de vida foi sempre superior ao das condições materiais de vida, com exceção do ano de 2009 e a partir de 2021″. A
segurança pessoal, a educação, conhecimento e competências e o bem-estar económico foram os que apresentaram uma evolução mais favorável, conclui.
“A partir de 2012, os domínios do ambiente e da segurança pessoal são os que exibiram os valores mais elevados do índice da qualidade de vida, refletindo assim uma posição relevante de Portugal nestas áreas, em termos internacionais. Em sentido inverso, salientam-se os baixos valores assumidos pelo índice do domínio da participação cívica e
governação”, segundo o mesmo relatório.
(Notícia atualizada às 11h23)
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